Joaquim Araújo, 46 anos, trabalha dia e noite. À medida que se aproxima o mês de Junho, só espera que os manjericos cresçam rápido e nasçam bons. É ali, em Pedrouços, na Maia, que é criada a maioria dos manjericos à venda no S. João.
Quem entra no campo de Joaquim não pode deixar de se pasmar com o cenário. São milhares de manjericos, de todos os tamanhos. Cheira a santos populares. "Vendo para várias empresas e para as grandes superfícies comerciais. Tenho camiões a distribuir manjericos de norte a sul", afirmou o produtor.
Em Fevereiro, deitam-se as sementes na terra e espera-se que as primeiras folhas espreitem. "Quando já estão crescidinhas, transplanta-se do viveiro para a terra", contou Joaquim. Aqui, todos os cuidados são poucos. "É preciso dar-lhes carinho e muita atenção. Temos de andar sempre em cima deles", sublinhou.
No final do desenvolvimento, é preciso colocar as plantas em vasos. "O manjerico é colocado no típico vaso de barro, com muita terra para que não note diferenças de terreno", explicou.
Joaquim Araújo produz manjericos há cerca de 15 anos. "Faço-o porque quero manter viva uma tradição. Além disso, as pessoas na zona do Porto valorizam muito. Se não o tiverem, não é S. João. Gostam de ter a sardinhada e o manjerico a dar o cheirinho. E depois oferecem ao pai, à mãe e à namorada", assinalou.
Os preços dos manjericos podem ir dos 2,5 euros aos 15 euros. Se forem bem tratados, duram até ao Natal, garantiu o produtor.
Durante o mês de Junho, Joaquim conta com a ajuda de cerca de dez pessoas. Uma delas é a mulher, Alexandrina Araújo: "Tiro férias no emprego para vir ajudar o meu marido". Além de produzirem os manjericos, Joaquim e Alexandrina escrevem também as quadras que vão a enfeitar. "Todos os anos escrevemos rimas novas. É importante cativar os clientes, porque muitas pessoas só compram o manjerico se tiver a quadra popular", sublinhou.
"De ano para ano, temos aumentado a nossa produção. Começámos com mil manjericos e hoje temos muitos milhares", acrescentou Alexandrina Araújo.
