Os perto de 1,4 milhões de euros do Revita, fundo de apoio às populações e à revitalização das áreas afetadas pelos incêndios de 17 de junho de 2017, vai ser investido nos territórios de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
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O anúncio foi feito esta segunda-feira por Margarida Balseiro Lopes, ministra da Modernização, após uma reunião com os presidentes dos três municípios, e com o líder da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria.
“No Orçamento do Estado para 2025, vamos retirar este fundo da unidade de tesouraria, permitindo que seja exclusivamente destinado a este território e a estas populações”, assegurou Margarida Balseiro Lopes.
Abertura de creches
O presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, disse ao JN que o montante será investido na criação de uma creche por município, com o objetivo de fixar e atrair população para o território.
“Pedimos ainda a manutenção dos condomínios de aldeia, porque o financiamento é só para a execução”, adiantou Jorge Abreu. “Os nossos orçamentos são pequenos e o dinheiro não chega a todo o lado”, justificou.
Confrontada pelos jornalistas com as medidas tomadas para combater os incêndios e proteger a população, Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, garantiu que este ano foram reforçados os meios aéreos, os equipamentos e os recursos humanos da Proteção Civil.
António Lopes, presidente da Câmara de Pedrógão Grande, considerou, contudo, que dadas as alterações climáticas, por muitos instrumentos que se usem, podem não ser suficientes para evitar outra tragédia.
Novo posto da GNR
Em relação à reunião com o Governo, o autarca do concelho mais fustigado pelos incêndios manifestou satisfação com a criação de um posto da GNR no concelho, por o atual não reunir condições, e destacou a necessidade de intervir no IC8.
A este propósito, Margarida Balseiro Lopes revelou que, em setembro, estará concluído um estudo sobre a requalificação deste itinerário entre Pombal e Vila Velha de Ródão.
“Houve uma preocupação muito grande em investir rapidamente no IC8, devido aos perigos da via”, confirmou ao JN Gonçalo Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria. “Pedimos ao Governo a constituição de um grupo de trabalho, para podermos acelerar a concretização desse estudo. Ficaram de avaliar essa hipótese.”
Gonçalo Lopes disse ainda que estiveram em cima da mesa outras questões, como o ordenamento da floresta e a necessidade de lançar concurso para concessionar a barragem do Cabril. “Vai gerar uma receita muito grande para o Estado, e uma parte deve ser investida no território.”
Consolidar coesão territorial
António Henriques Antunes, presidente de Câmara de Castanheira de Pera, disse ao JN que a reunião com as duas ministras e três secretários de Estado foi “muito produtiva”. “Pode ser o primeiro momento em que começamos a consolidar a coesão territorial”, acredita.
Consciente de que “os problemas são transversais aos três concelhos”, o autarca de Castanheira de Pera aponta, em primeiro lugar, a questão da “demografia”, nomeadamente a necessidade de criar condições para as pessoas se fixarem no território. Pede ainda mais celeridade nos processos relativos aos condomínios de aldeia.
No âmbito dos sete anos da data fatídica para 66 pessoas, Dina Duarte, presidente da Associação de Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande, depositou uma coroa de flores no monumento de homenagem aos mortos dos incêndios de 2017. “O repto que lançamos é que não volte a acontecer.”
“É um processo que leva o seu tempo, mas que seja feito algo em memória deles”, pediu Dina Duarte. “Nunca nos calarão, porque a memória deles está sempre connosco, por uma questão de honra, de homenagem e de memória.”