A diretora do agrupamento que integra a escola de Quarteira onde alegadamente uma menina ficou sem almoço por falta do pagamento da alimentação assegura que a aluna recebeu comida, numa sala fora da cantina.
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Uma menina de cinco anos ficou sem o almoço por decisão da diretora da EB1 n.º 2 de Quarteira, em Loulé. Um "castigo" aplicado como retaliação por não ter sido paga a mensalidade referente à alimentação.
O caso motivou o lançamento de uma petição 'online', que esta quarta-feira de manhã já tinha sido assinada por 1840 pessoas, a exigir o despedimento de Conceição Bernardes por maus tratos a crianças.
Num comunicado dirigido aos pais e disponibilizado no sítio de Internet do agrupamento de escolas Dr.ª Laura Ayres, a diretora assegura que "a criança comeu na sala onde ficou, durante a hora de almoço, acompanhada de uma educadora".
Conceição Bernardes esclarece ter informado os pais de uma dívida a fornecedores na ordem dos 20 mil euros, logo no início de ano letivo, altura em que afirmou que "nenhuma criança ficaria sem comer ou passaria fome - apenas não almoçaria".
Noutro comunicado escolar emitido pela diretora a 4 de setembro lê-se que a dívida de algumas famílias relativa a refeições é "insustentável" e que coloca em risco o fornecimento de refeições a outros alunos.
Nessa comunicação, Conceição Bernardes alerta os pais que a partir de 9 de outubro nenhuma criança poderia almoçar na escola "sem o respetivo pagamento e sem dívidas anteriores saldadas ou negociadas".
A diretora explica que a medida foi debatida com a associação de pais e encarregados de educação do agrupamento que "não só a apoiaram, como consideraram absolutamente necessária para normalizar a situação".
Desde o início do ano, a responsável pelo agrupamento diz ter dado como não recuperáveis 4700 euros porque os alunos em causa regressaram ao país de origem, foram transferidos para outras escolas ou estão em situação de fuga à escolaridade.
Todavia, muitas dívidas já foram saldadas e cerca de 2400 euros vão ser recuperados através de um plano de prestações acordadas entre a escola e 14 famílias, lê-se no comunicado divulgado após o episódio em Quarteira.
Segundo a diretora, há 31 famílias que continuam sem cumprir as suas obrigações, que não contactaram a escola para tentar chegar a um acordo, e cuja dívida ascende a um total de 6500 euros.
A responsável admite agir judicialmente contra as pessoas que prestaram declarações difamatórias sobre a sua ética profissional e o bom nome daquela escola e profissionais que nela trabalham.
Conceição Bernardes refere ainda ter recebido vários contactos de cidadãos que se voluntariaram para pagar as refeições da menina e esclarece que os contributos para ajudar alunos na mesma situação podem ser encaminhados para a associação de pais e encarregados de educação do agrupamento.
A Direção Regional de Educação do Algarve remeteu para hoje uma posição sobre o assunto e fonte do Ministério da Educação e Ciência já disse à Lusa que irá igualmente averiguar a situação.