Responsável de Centro Social em Melgaço interrogada por contágio de idosos. Casos de Barcelos, Famalicão e Vila Verde pendentes.
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Lurdes Gonçalves, diretora de serviços do Centro Social de Paderne, em Melgaço, que no domingo de Páscoa deu a cruz a beijar a 17 utentes da instituição, foi notificada e deverá esta semana ser constituída arguida no âmbito de um processo em que pode ser acusada por crime de propagação de doença.
Fonte do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo disse ao JN que o Ministério Público tem solicitado às autoridades que efetuem várias diligências, sendo que "uma das próximas será a constituição [da diretora de serviços] como arguida". Informou que a dirigente já foi notificada e deverá "esta semana prestar declarações nessa qualidade".
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Lurdes Gonçalves será assim a primeira arguida no caso dos beijos na cruz durante a celebração da Páscoa deste ano, que ocorreram nos concelhos de Barcelos, Famalicão, Melgaço e Vila Verde.
Todos os promotores já foram identificados pela GNR e os factos comunicados aos tribunais, mas os restantes processos ainda se encontram em fase de inquérito. Os participantes podem vir a responder pelo crime de propagação de doença contagiosa ou por desobediência, por terem desrespeitado as regras durante o estado de emergência, devido à pandemia da covid-19.
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Recorde-se que a cerimónia de beijar a cruz no Centro Social de Paderne foi divulgada nas redes sociais, tal como aconteceu com a ação que decorreu no Centro Social de Freiriz, em Vila Verde. O Comando de Braga da GNR relembrou que "identificou os intervenientes na cerimónia religiosa", os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Vila Verde, mas ainda se encontram em investigação.
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Em Barcelos, também foram identificadas duas pessoas que promoveram o beijar da cruz numa rua da freguesia de Martim. Tratou-se da mulher que segurava a cruz e a deu a beijar, e do homem que colaborou na promoção da iniciativa, que juntou pelo menos uma dezena de pessoas.
No concelho de Famalicão estão em causa sete pessoas que promoveram a mesma cerimónia também em plena rua. Numa mesa composta por champanhe e doces, o grupo beijou a cruz e ainda chamou uma vizinha para a celebração.
O JN tentou obter mais esclarecimentos da parte do Ministério Público, mas sem sucesso.