A vice-presidente da Comissão Política Distrital do Chega de Viana do Castelo, Natividade Barbosa, desvinculou-se do partido e tornou pública uma carta aberta em que acusa o partido de adotar práticas de "corrupção e o compadrio" que diz querer combater.
Corpo do artigo
Em causa estão os nomes escolhidos para a lista de candidatos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, às eleições legislativas de 18 de maio.
"O Partido Chega que se diz contra a corrupção e o compadrio adota exatamente as mesmas práticas que diz combater. Ignora quem lutou desde o início, quem esteve presente nas ruas, nas lutas e nos momentos difíceis, para promover pessoas com currículo político duvidoso ou que veem na política apenas uma plataforma para os seus objetivos pessoais", acusa a ex-dirigente.
Natividade Barbosa justifica a sua saída do Chega com o facto de ter sido preterida na lista de candidatos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo por quem "nunca lutou nem construiu o que quer que fosse" pelo partido.
A ex-dirigente, que se desvinculou em 2 de abril, tinha sido a número 2 da lista encabeçada por Eduardo Teixeira (dissidente do PSD) nas anteriores eleições legislativas. Para as eleições de 18 de maio, foi convidada para integrar a lista em número 3, novamente com o antigo social-democrata em número 1.
"Recusei de imediato, pois felizmente não preciso de migalhas e nem de mendigar, vivo bem com o meu trabalho. Depois de tudo o que entreguei ao partido - da construção da base local até à presença nas ruas quando ninguém queria dar a cara - não aceitaria ser colocada atrás de quem nunca lutou nem construiu o que quer que fosse pelo Chega no distrito de Viana do Castelo", declara Natividade Barbosa. "Durante cinco anos, lutei incansavelmente pela implantação e afirmação do Partido Chega no distrito de Viana do Castelo. Enfrentei agressões físicas, difamações, ataques internos e externos - provenientes de pessoas mal-intencionadas, contrárias ao partido e até de elementos internos que, infelizmente, colocaram os seus interesses pessoais acima dos princípios que diziam defender".
Na carta aberta, refere que aceitou que Eduardo Teixeira encabeçasse a lista de candidatos a deputados, porque foi informada que a sua "nomeação foi resultado de um pagamento de favores a André Ventura, desde os tempos em que este era deputado único na Assembleia".
Natividade Barbosa adianta também que, aquando da sua candidatura, apresentou "toda a documentação exigida pela Direção Nacional - situação regularizada perante a Segurança Social, Finanças e sem quaisquer processos ativos em tribunal".
Mas afirma que "esta exigência, alegadamente intransigente [do Chega], é pura fachada". "O Chega continua a apresentar como cabeças de lista pessoas com dívidas avultadas e processos judiciais, como é o caso de Braga e Castelo Branco, o que considero vergonhoso e uma afronta aos princípios que o Partido Chega diz defender", escreve a agora vice-presidente da estrutura distrital do partido em Viana do Castelo, que contesta também a escolha da número 2 da lista para as legislativas, Mecia Martins, de Ponte de Lima, ex-CDS.
"Tal decisão apenas demonstra o que venho denunciando: a falta de coerência, o compadrio e a crescente luta pelo poder pessoal, em detrimento de quem verdadeiramente acredita no projeto Chega e na regeneração do sistema político português", diz a ex-dirigente, que anexa à carta aberta, "fotografias de perfil da candidata número 6 da lista", em poses, em biquíni e roupas sensuais. "Apreciem as fotos de perfil... Chega que se diz um Partido Conservador bateu bem fundo", conclui.