Único centro de tratamento da Península Ibérica já recebeu, este ano, 74 animais. Número de pedidos de ajuda disparou.
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O "Vermelho" e o "Branco" foram dois dos seis ouriços recém-nascidos resgatados em Santo Tirso, no início de junho. A mãe estava morta e as crias com fome e desidratadas. Os animais foram salvos pelo Centro de Recuperação e Interpretação de Ouriços (CRIDO), o único dedicado à espécie em Portugal e na Península Ibérica. Este foi um dos inúmeros pedidos de ajuda recebidos desde a abertura do espaço, a 20 de abril. "O telefone tem vindo a tocar cada vez mais", explica Clarisse Rodrigues, que com Tiago Vieira coordena o centro, e até agora tratava dos ouriços na própria casa.
Os animais acolhidos são treinados para regressar à natureza. "Vermelho" e "Branco" - cores com que os espinhos foram pintados para os distinguir - estão quase a ser devolvidos ao seu habitat natural.
O ouriço europeu, conhecido como ouriço-cacheiro, é a espécie predominante no território português. Embora tenham um aspeto amigável, estes animais não devem ser adotados, nem domesticados. Clarisse Rodrigues salienta que apenas os centros de recuperação estão "autorizados a tratar" de ouriços, animais selvagens que requerem cuidados especializados. "Não estão habituados a ser manipulados, nem estão habituados a barulhos altos", acrescenta Bárbara Tomaras, médica veterinária, explicando a razão pela qual o centro é tão silencioso.
O CRIDO conta com uma equipa de três voluntários, a ajudar pontualmente, para funcionar. Miriam Pereira apaixonou-se pelos ouriços há dois anos. "Quando há personalidades a que nos apegamos mais, é sempre difícil quando os vemos a ir para a natureza e seguir a sua vida", conta.
Muitos dos animais são encontrados na berma da estrada atropelados e é a GNR que faz o seu resgate e os encaminha para o centro de recuperação.
Foi a Câmara da Maia quem cedeu o espaço à Associação Amigos Picudos, que gere o CRIDO. O projeto vai receber um apoio de cinco mil euros. Trata-se de um trabalho "singular, muito inovador e muito apaixonante", admite António da Silva Tiago, presidente da autarquia.
A SABER
Expansão
O CRIDO pretende aumentar o número de recintos, seja para animais em pré-libertação ou ouriços irrecuperáveis, para conseguir responder a todos os pedidos.
Apadrinhar
Para os amantes destes "amigos picudos", o CRIDO permite que os ouriços em recuperação sejam apadrinhados, através de donativos, por particulares ou empresas.