Moreira diz que Misericórdia de Lisboa só se lembra do Interior para gozar o sotaque
Na Assembleia Municipal do Porto, esta quinta-feira, à noite, o autarca Rui Moreira considerou que a distribuição da receita do jogo por parte da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é uma "vergonha", por aplicar o dinheiro só na capital, e pediu aos partidos políticos para se baterem no Parlamento por uma "distribuição equitativa" das verbas no território nacional.
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"Aqui, no Porto, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, recebemos zero", protestou Rui Moreira, durante a discussão do ponto relativo ao programa "Estamos Juntos".
O presidente da Câmara do Porto dirigiu-se à oposição, nomeadamente à CDU e ao BE, e pediu aos partidos com assento na Assembleia da República que, quando pedem à autarquia portuense para dar apoios às IPSS e às associações, pensassem no modo como é distribuída a receita do jogo da Santa Casa.
"Isto é uma guerra, que vai deixar feridos. Não sei se a vamos ganhar", adiantou, mostrando-se pronto a acompanhar as reivindicações das forças políticas, no caso de aceitarem o seu repto, e afastando a Misericórdia do Porto deste assunto. Pois, segundo disse, a Santa Casa do Porto "nada recebe" da Misericórdia de Lisboa.
"Não há distribuição, há concentração", sublinhou, considerando, a dada altura do discurso na Assembleia Municipal, que o jogo, como a raspadinha, é um "roubo".
Rui Moreira enfatizou que a Santa Casa de Lisboa "vive do jogo dos portugueses em todo o território nacional" e insistiu na crítica de que "esse imposto (jogo) é todo aplicado" na capital.
"Só se lembram do interior numa altura, quando a propósito do euromilhões querem gozar as pessoas que vivem no interior pela forma como falam (...) Ainda por cima, a forma como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa fomenta o jogo é verdadeiramente escandalosa", acrescentou.
A propósito do ponto em discussão, referente ao programa "Estamos Juntos", anunciou, para 2023, a criação de uma Comissão de Proteção ao Idoso, para "responder melhor às questões do isolamento".
Adiantou que a comissão será composta por representantes da Câmara do Porto, da Segurança Social e das Juntas de Freguesias, para além de representantes do domínio da Saúde.
O programa foi aprovado por unanimidade.
Contrato com União de Freguesias
Também por unanimidade foi aprovado o contrato interadministrativo com a União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, no âmbito do programa "Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense - Edição 2022".
Mesmo votando favoravelmente, a CDU, por José Varela, não deixou de "lamentar" que Lordelo do Ouro e Massarelos tenha sido a única freguesia a obter "resultados" em 2022. "Esperamos que em 2023 as coisas melhorem e os processos andem mais depressa", afirmou.
Antes, na sequência do ponto sobre o parque de estacionamento subterrâneo de D. João I, no centro da cidade e que vai mudar de concessionária, Rui Sá, igualmente, da CDU, questionou o Executivo acerca da "necessidade" de construir o parque no Aviz, na Boavista.
Pois, alegou o deputado municipal comunista, futuramente a zona vai ficar servida pelo metrobus e há que contar com parque no Castelo do Queijo.
Rui Moreira respondeu que considera "conveniente" a infraestrutura no Aviz, justificando, entre outras razões, que "o parque do Castelo do Queijo, só por si, não chega" para as necessidades.
O autarca disse ainda que a intenção da Autarquia é "passar" outro dos parques centrais, neste caso na baixa portuense e que engloba as zonas dos Clérigos, da Reitoria e de Carlos Alberto, "para a STCP Serviços".
A STCP Serviços, detida a 100% pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, é responsável pela gestão de terminais de transportes, parques de estacionamento municipais e equipamentos como o Funicular dos Guindais.