<p>A Câmara de Ovar apertou o cerco aos responsáveis pelos divertimentos dos arraiais no que toca às licenças, uma situação que deixou, ontem, sexta-feira, indignados vários dos presentes na Festa do Mar de Cortegaça.</p>
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O acidente num carrossel ocorrido no passado domingo, na festa em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem e do Senhor dos Aflitos, em Esmoriz (Ovar), do qual resultaram quatros feridos, dois deles graves, está a marcar definitivamente o ambiente em Cortegaça onde, no fim-de-semana, se celebra a Festa do Mar.
A notícia de que a Câmara de Ovar não iria permitir que nenhum dos divertimentos começasse a funcionar sem antes ter a certeza de que todas as licenças, termos de responsabilidade e apólices de seguros estavam em ordem, com risco de ser selados caso o fizessem, não caiu bem entre vários responsáveis pelos divertimentos. Ontem à tarde, davam mostras da sua indignação.
"Temos tudo em ordem e a Câmara já lá tem o nosso dinheiro da licença de ocupação. Já podíamos ter começado a trabalhar ontem à noite [anteontem], mas enquanto os fiscais não aparecerem para ver toda a papelada, não podemos fazer nada", queixou-se José Anunciação, responsável por um pavilhão de jogos de vídeo e matraquilhos. "Por causa de um, estamos todos a pagar pela mesma moeda e não é justo. Só temos trabalho seis meses por ano e tenho filhos para sustentar. Por este andar, tenho metade da festa estragada e o resto dos dias se calhar não vai dar para compensar se o movimento for assim tão pouco. Mais valia desistir disto de uma vez", atalhou.
Parado estava também o "Dragão", uma espécie de minimontanha russa, sempre muito procurada por famílias. "O patrão está lá para a Câmara a mostrar que tem todas as licenças em dia, mas, mesmo assim, só depois dos fiscais cá virem ver, é que podemos pôr tudo a andar. Antes disso, não", explicou Virgílio António, técnico do "Dragão", enquanto dava uns últimos retoques na engrenagem.
Apesar da rigorosa fiscalização, ainda assim, havia ontem pessoas que não se convenciam. "Todos os anos tenho por tradição andar no carrossel, à segunda-feira, que é quando a festa está a acabar e há pouca gente, mas, este ano, acho que não vou ter coragem", contou Maria Luísa Santos, de 73 anos.
Mais difícil, explicou, será convencer os netos, de 5 e 11 anos, a não gastar o dinheiro dado pelo avô especialmente para a festa nos carrosséis e afins. "Vão ter de ter paciência, mas não podemos correr riscos", explicou.
Os mesmos temores eram partilhados por Florência Leite, de 34 anos, mãe de um rapaz de cinco. "É claro que o acidente que se deu em Esmoriz vai afastar muita gente. As pessoas têm medo", fez notar.
De salientar que, em Ovar, as chamadas Festas do Mar só terminam na próxima semana, com o arraial do Furadouro e também aí as regras da Câmara serão as mesmas.