A administração da TECSAM (Tecnologia e Serviços Médicos SA), empresa contratualizada para o serviço de hemodiálise em Trás-os-Montes, diz estar "num beco sem saída", devido a dívidas de entidades estatais, no valor de quatro milhões de euros, o que coloca mesmo em risco a continuação da prestação dos tratamentos. Só a Unidade Local de Saúde do Nordeste tem faturas em atraso há um ano no valor de três milhões.
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A administração da TECSAM (Tecnologia e Serviços Médicos SA) - empresa que presta serviços de hemodiálise a mais de duas centenas de doentes com insuficiência renal de Trás-os-Montes e Alto Douro, contratualizados pelo Serviço Nacional de Saúde - está a atravessar uma grave crise financeira, resultante de uma dívida de quatro milhões de euros por parte de entidades estatais, que pode colocar em causa o serviço que presta nos três centros renais da região: Mirandela, Mogadouro e Vila Real.
O diretor executivo da TECSAM conta ao JN que só a Unidade Local de Saúde do Nordeste já deve cerca de três milhões de euros. "A dívida está largamente vencida, já que o último mês que foi pago foi o de novembro de 2021, quando o protocolo estabelecido prevê um pagamento a três meses", adianta Jorge Cruz, acrescentando que a Administração Regional de Saúde do Norte, com 800 mil euros e a ULS da Guarda com 300 mil euros, são as outras duas entidades com dívidas.
Aquele responsável confessa que pode estar em causa o serviço de hemodiálise. "Os fornecedores já nos fizeram o ultimato que não vão continuar a fornecer se a situação se mantiver", adianta. Revela ainda que têm sido feitos contactos constantes com o propósito de perceber datas de pagamento ou previsões destas, mas não conseguiram obter resposta. O mesmo acontece com o Ministério da Saúde.
Esta situação tem vindo a arrastar-se desde 2011, mas "agudizou-se nos últimos dois anos", refere, não escondendo que a situação é "desesperante", admitindo mesmo que a TECSAM não tenha dinheiro para pagar os salários deste mês aos cerca de 150 funcionários.
Neste momento não temos dinheiro sequer para vencimentos dos colaboradores
"Dentro de dois dias não temos dinheiro para pagar os impostos, ou seja, o Estado não cumpre para connosco, mas nós temos de cumprir, caso contrário no dia seguinte já estão a cair juros e coimas e neste momento não temos dinheiro sequer para vencimentos dos colaboradores", lamenta.
O diretor executivo garante que estão "num beco sem saída", lembrando que, no ano passado, a administração "entendeu injetar liquidez própria na empresa, e agora já o fez novamente até ao limite da sua capacidade financeira". Sem alternativa, diz: "Ou recebemos os valores que nos são devidos, ou não vamos conseguir manter o serviço".
O JN tentou obter reações por parte das três entidades referenciadas, mas, até ao momento, não obteve resposta.