Pedro Xavier Simões, contaminado com Covid-19, saiu do hospital e, enquanto está em isolamento em casa, vai dando conselhos sobre como evitar contágio.
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Quando ouviu o diagnóstico esteve "três segundos sem reação" até cair em si. Depois, percebeu que tinha pela frente "mais um desafio, uma luta" e não sucumbiu ao medo ou ao pânico. Pedro Xavier Simões, 30 anos, gestor de marketing de Águeda, recebeu no passado dia 11 o diagnóstico de Covid-19 e teve alta do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra a 17, estando desde então em isolamento. Não sabe como foi infetado e o desconhecimento da cadeia de transmissão preocupa as autoridades.
Sintomas
Nunca tive medo de estar doente, encarei isto como mais um desafio, uma luta
Febre, dores de cabeça, dores no corpo, calafrios. Foram estes sintomas que levaram Pedro a tentar várias vezes a linha SNS24. Como ninguém o atendeu, diz, dirigiu-se ao Hospital de Águeda, onde foi colocado em isolamento e encaminhado para o Centro Hospitalar em Coimbra.
As análises não revelaram complicações e, na passada terça-feira passada, recebeu alta hospitalar. Agora, os dias são passados no quarto, os pais deixam a comida à porta, quando sai para ir ao quarto de banho (exclusivo para si) leva uma máscara e desinfeta tudo com lixívia.
Preencher o dia
No interior da divisão, passa as horas entre conversas nas redes sociais, onde procura sensibilizar e esclarecer a população sobre a pandemia do novo coronavírus, lê livros, vê filmes e ouve músicas como "Ilumina-me", de Pedro Abrunhosa.
A pandemia marcará todas as gerações que a vivem, ninguém ficará igual
Pedro Simões acompanha ao longe o desenrolar dos acontecimentos e as medidas que têm vindo a ser implementadas. "É ingrato julgar, mas acho que nos podíamos ter preparado um pouco melhor, mais rápido, tínhamos o exemplo de Itália. Isto não são coisas que só acontecem aos outros", afirma.
"Não sei como fui infetado. Ninguém está infetado porque quer. É preciso ter muito cuidado", alerta.
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"O que não nos mata torna-nos mais fortes", acrescenta o doente recuperado, e há sempre "aprendizagens a retirar dos momentos mais difíceis". Como "o teletrabalho, reaprender a viver em comunidade, com os bens essenciais e as coisas realmente importantes", enumera.
Quer ver o mar
Pedro Xavier Simões pensa no dia em que poderá sair do quarto e do isolamento, possivelmente no final da próxima semana.
Não haverá abraços. Mas "talvez possa ir ver o mar ou estar em contacto com a natureza, sozinho". E passear o cão, Buddy Sytch, que ladra sem perceber o porquê da ausência.
Outros casos
Infetados de Ovar recuperam bem em casa
As duas primeiras doentes infetadas com Covid-19 em Ovar, uma jovem de 17 anos, aluna da Escola Secundária da Feira, e a mãe, receberam, na passada quinta-feira, alta do Hospital de S. João, no Porto, e prosseguem a recuperação no domicílio. A jovem chegou a dar entrada três vezes na Urgência do Hospital de S. Sebastião, na Feira, e só na última foi colocada em isolamento. Esteve em estado grave, na unidade de saúde no Porto. O diretor de turma da estudante, que também ficou infetado, também recupera em casa. Estão todos fora de perigo e a preparar-se para sair da quarentena, dentro de dias.