Enfermeiros do Hospital Padre Américo, em Penafiel, criam serviço que se manterá após pandemia. Tem feito a felicidade de doentes e famílias.
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Numa altura em que as visitas nos hospitais estão vedadas, há que encontrar maneiras de vencer as distâncias e pôr fim às angústias, medos e ansiedades das famílias e dos doentes internados. No Hospital Padre Américo, em Penafiel, isso está a ser feito com "um serviço" de videochamadas criado pelos enfermeiros.
Já houve netos a despedirem-se de avôs que acabaram por falecer, filhos a cantar os parabéns aos pais e outros a ver a mãe que não viam há meses. A emoção está sempre presente, para todos. A meta é manter o serviço quando terminar a pandemia da Covid-19.
Costuma dizer-se que a necessidade aguça o engenho. Foi mais ou menos assim. Com as visitas suspensas, os enfermeiros começaram a fazer chamadas com os seus próprios telemóveis e dados. "Mas entretanto o hospital passou a ter wi-fi disponível e lembrámo-nos de lançar o apelo para que nos oferecessem um telemóvel. Apareceram logo dois", conta Susana Queirós, enfermeira-chefe da Unidade de AVC, onde germinou a ideia. Passou então a haver um "serviço" regular de videochamadas. Basta fazer o pedido, através de uma página de Facebook.
Famílias emocionadas
"As famílias ficam sempre emocionadas e os doentes sentem-se mais seguros. A primeira videochamada foi para uma família de um doente que fazia anos. A filha cantou-lhe os parabéns e ficamos os três a chorar. O doente só dizia obrigado", relata. Na última semana, foram dezenas as chamadas realizadas. Os doentes têm, quase todos, mais de 70 anos e pouco conhecimento tecnológico. "Isto dá mais ânimo e motivação a quem está internado e ajuda na recuperação. À família dá segurança. Uma coisa é dizermos que estão bem, outra coisa é vê-los e falar com eles", acredita a enfermeira.
Alexandra Ribeiro, não podia concordar mais. Vive nos Açores. A mãe, de 79 anos, do Marco de Canaveses, sofreu um AVC e não a via há seis meses, embora matasse as saudades por telefone regularmente. Ontem, pôde vê-la, ainda que à distância. "Foi um alívio poder vê-la. Foi uma emoção muito forte", garante. "Nunca pensei que os enfermeiros, no meio disto tudo, ainda tivessem tempo para se disponibilizar para isto. É de louvar", diz.