Hospital de Santarém assume não ter ar condicionado em dois serviços. Sindicato de enfermeiros denuncia riscos.
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O Hospital Distrital de Santarém (HDS) assume não ter ar condicionado na Cirurgia Geral e na Ortopedia, que justifica com o facto de "a potência da rede elétrica existente não permitir mais sobrecarga". Contudo, o JN sabe que o problema se verifica nos internamentos de outros serviços, para desespero de doentes, que levam ventoinhas de casa, e de médicos, enfermeiros e auxiliares.
"Os serviços que não têm atualmente ar condicionado em todas as salas são a Cirurgia Geral e a Ortopedia", informa o HDS, que prevê ter o problema resolvido a partir do último trimestre deste ano. "Estas obras de requalificação estão dependentes do cumprimento do código da contratação pública e da resposta do mercado", ressalva.
Um profissional de saúde do HDS manifesta apreensão com as consequências para os utentes. "O doente cirúrgico tem de se sentir confortável, porque num pós-operatório há sempre riscos", explica. "Se estiver calor, a probabilidade de ter febre é maior", exemplifica. "Para se manter estável, é importante que existam condições, porque sofreu um tratamento invasivo."
Nos dias mais quentes, chegam a ser "distribuídas garrafas de água fresca aos doentes". Um utente que esteve internado em julho conta que teve de levar uma ventoinha, tal como os outros dois homens com quem partilhou o quarto. "Estavam ligadas dia e noite, porque não se aguentava."
"Santarém é uma zona muito quente. Os doentes estão debilitados e com o calor desidratam, pelo que a recuperação é mais lenta e os internamentos mais prolongados, o que tem reflexos na saúde e do ponto de vista económico", assegura Luís Mós, coordenador da Região Sul do SINDEPOR - Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal.
Foco de bactérias
Além disso, o profissional de saúde do hospital de Santarém garante que há vários equipamentos de ar condicionado a funcionar mal, pelo que é frequente a água pingar do teto.
Nos casos mais complicados, é recolhida em baldes, para evitar quedas. Luís Mós considera esta situação grave, pois diz que estes recipientes "são um foco de cultura de bactérias e vírus".
O Hospital Distrital de Santarém afirma desconhecer a utilização de baldes, mas admite que "foi detetada uma infiltração de água", que está a ser reparada esta semana. "Como o piso poderá estar escorregadio, procedeu-se à sinalização, como medida de proteção." E acrescenta ainda que "o uso de ventoinhas é desaconselhado em meio hospitalar, por potencial disseminação de bactérias".v