<p>A falta de clínicos gerais voltou, ontem, segunda-feira, a entupir a Urgência do Hospital de Chaves e a elevar para várias horas o tempo de espera. Muitos doentes foram embora sem ser atendidos. Situação arrasta-se desde o Natal. </p>
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Depois de duas horas de espera e de as previsões de atendimento que lhe foram fornecidas serem na ordem de "mais seis horas", Flávio Pinheiro pegou no filho de 19 anos e abandonou a Urgência do Hospital de Chaves. O jovem já não comia há alguns dias com dores de garganta. "Já desmaiou e tudo, está dentro do carro e eu fiquei aqui a ver se o chamavam, mas agora disseram que podia demorar mais de seis horas", disse, irritado, ao JN, Flávio, antes de abandonar o hospital, cerca das 15.30 horas. O mesmo tinha feito, momentos antes, José Augusto Coelho, de 70 anos, que se queixava de não conseguir comer por causa de ter a "a boca toda rebentada". Célia Barbosa resistia. "Fui à extensão de saúde de Vidago não havia médicos; fui ao Centro de Saúde nº 1 de Chaves, disseram-me que, como o médico de família não era de lá, só a atendiam no fim e se o médico o entendesse. Então, viemos para aqui", contou Célia, que acompanhava a mãe, que se queixava dos pulmões. "Mas já nos disseram que vamos ter muito que esperar", acrescentou. A falta de clínicos gerais no Hospital de Chaves, integrado no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), voltou, ontem, a congestionar as urgências. A meio da manhã, uma médica de Medicina Interna terá apelado aos doentes triados com cor verde (associada a situações de menor gravidade) que se dirigissem aos centros de saúde. Ao que foi possível apurar, ontem, só por volta das 17 horas, terá chegado uma clínica geral, prevendo-se ainda a chegada de outra. O serviço funciona com dois clínicos gerais em permanência. No entanto, pelo menos desde o Natal que só haveria um de serviço. O clínico em causa terá estado a trabalhar em permanência durante mais de 60 horas. Faria apenas pequenas pausas para descansar. Apesar de várias tentativas, o JN não conseguiu chegar à fala como o presidente do Conselho de Administração do CHTMAD. Mas ao que foi possível apurar, a administração estará a justificar a falha com o facto de um clínico ter adoecido e com a própria falta de médicos.