Uma equipa de paleontólogos e geólogos do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO encontrou na costa portuguesa dois novos fósseis de animais. Tratam-se das pegadas de aves mais antigas encontradas em rocha na Europa.
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Segundo o Geopark Naturtejo, “tratam-se de delicados trilhos de pegadas de aves datados entre há cerca de 187 e 43 mil anos”. Esta novidade foi publicada na revista científica "Quaternary Science Reviews" e os investigadores afirmam que nunca tinham sido descobertas, na Europa, pegadas em rochas tão antigas.
O Geopark Naturtejo destaca a descoberta de uma concentração de pegadas de bufo-real encontradas numa única superfície de arenito dunar. A sobreposição das pegadas e o facto de terem sido encontradas marcas de outro animal remetem para uma possível presa do bufo-real. “Esta ocorrência invulgar poderá ser a primeira evidência de predação por aves no registo fóssil”, explica o Geopark Naturtejo, em comunicado.
“Os nomes atribuídos a estes fósseis evidenciam o mais provável produtor e a sua localização geográfica, Corvidichnus odemirensis (Odemira) por ter sido encontrado na costa do maior concelho português, e Buboichnus vicentinus, cujo achado remete para a já famosa Costa Vicentina”, acrescenta.
A descoberta de fósseis em solo ibérico tem sido recorrente no mundo científico. O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina tornaram-se pontos fortes para este tipo de acontecimentos.
Exemplo disso foi também a descoberta de pegadas do já extinto elefante-europeu-de-presas-direitas, na Praia do Malhão, em Vila Nova de Milfontes, pelo paleontólogo Carlos Neto de Carvalho.
Este tipo de projetos têm sido apoiados pelo município de Odemira e por vários projetos financiados por universidades e centros de investigação, “com particular destaque para a Universidade de Huelva, o Centro Português de Geo-História e Pré-História e o Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO”.