Dois meses de prospeções de lítio no Barroso: “O verde passou a castanho”
As máquinas pararam por ordem do tribunal, a 6 de fevereiro. Uma providência cautelar suspendeu a servidão administrativa, de 6 de dezembro, que autorizou a concessionária Savannah Resources a entrar em terrenos privados e baldio para alargar prospeções de lítio, no entorno de Covas do Barroso.
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À porta de um café no centro da aldeia, Jorge de Aquino, emigrado em França, aproveita os raios de sol que alumiam Covas do Barroso, entre nuvens ameaçadoras, durante uma breve passagem pela terra onde nasceu há 51 anos. “Vi o massacre que fizeram lá em baixo”, diz, a propósito das prospeções efetuadas nos dois meses que se seguiram à servidão administrativa. “Estou muito preocupado com o que se vai passar depois da mina. Vai afetar tudo, a paisagem, a água, a agricultura”, acrescenta.
As marcas de dois meses de prospeções, de abertura de caminhos e plataformas de perfuração são visíveis na paisagem, agudizadas pelas chuvas de fevereiro. "Já está muito diferente. O verde que havia passou a ser mais castanho", comenta Paulo Pires. Tem, 50 anos, vividos em Covas do Barroso. “Mais pastor que agricultor”, faz vida entre a natureza entre os montes e os campos à volta da aldeia.