O dia foi cinzento e o sol nem espreitou, mas isso não foi impedimento para milhares de pessoas circularem pela festa do Senhor de Matosinhos neste domingo. Uma multidão acompanhou a tradicional procissão.
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Há crianças a puxarem os braços dos pais até ao carrossel preferido e muitos curiosos e fiéis à espera da procissão do Bom Jesus.
Abel Silva, de 43 anos, vende farturas de festa em festa. Os avós começaram a marcar presença com barracas de matrecos e foram os pais de Abel que abriram o negócio "Churreria Dolores". O filho César, de 19 anos, já trabalha ali e no futuro "vai ficar com o negócio. "Depois de terminar o 12º ano, quis parar de estudar e trabalhar aqui porque gosta muito disto", relata Abel.
O comerciante acrescenta que as vendas nem estão a ser más, mas o problema é que, apesar de haver uma grande afluência, "as pessoas ficam pouco tempo por causa do clima". "Os dias mais fortes são sexta, sábado e domingo", explica.
Para além das farturas, muitos procuram o pão com chouriço. É o caso de Patrícia Costa: "Estamos aqui principalmente pelo pão com chouriço, já é uma tradição, vimos todos os anos". Mas não são só as iguarias gastronómicas que atraem a família. Patrícia, o marido Arlindo Santos e os dois filhos andam de um lado para o outro à procura dos melhores carrosséis: "Nem quiseram dormir só para vir à festa".
Os filhos de Manuela Oliveira e Hélder Costa já estão a aproveitar para se deliciarem com gelado e algodão doce após as várias viagens nos divertimentos, principalmente nos carrinhos de choque. Para a família, o tempo cinzento é um fator positivo: "Não estamos interessados em ver a procissão, preferimos passear pela festa e sem sol até é melhor".
Carminho Oliveira, de 69 anos, e a vizinha, Aurora Brito, de 74, é que não perdem a procissão e estão na primeira fila à espera que as portas da igreja se abram. "Sempre que podemos estamos presentes, se a saúde colaborar", diz Carminho, que mora no centro do Porto. "Hoje é o primeiro e último dia que visitamos o Senhor de Matosinhos, só gostamos mesmo é de ver a procissão. Agora estamos a preparar-nos é para o S. João".
Enquanto espera, Maria Benedita de 11 anos está ansiosa por andar em todos os carrosséis possíveis. Mas primeiro, os avós Manuel Sousa e Isaura Costa querem assistir à procissão: "Não viemos pela comida, mas sim pelo ambiente de festa e por este momento", sublinha Isaura.
Quando chega à altura de a multidão dispersar, um dos destinos é a barraca de João Macedo, que vende diferentes peças de cerâmica e todos os santos populares. "É tudo feito na minha oficina em Barcelos, fabricamos durante nove meses e depois vendemos nas festas", explica.
O negócio, que passou de geração em geração, já se tornou famoso. "Ainda ontem vieram aqui duas pessoas de propósito para comprarem os bonecos que faço. Um de Vila Nova de Cerveira e outra de Valença", conta João.