O primeiro funeral das vítimas do violento acidente que matou quatro jovens de 18 e 19 anos, em Lamas de Mouro, Melgaço, realizou-se esta terça-feira à tarde, num ambiente de grande dor e consternação.
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Rita Afonso, de 18 anos, aluna da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho (ESE-UM), foi enterrada no cemitério de Roussas, em Melgaço. Assistiram às cerimónias fúnebres na igreja local largas centenas de pessoas, entre familiares, amigos, população e representantes de instituições, e muitos estudantes da UM. Até o próprio pároco se emocionou durante as exéquias.
Na segunda-feira à noite, algumas centenas de pessoas participaram, em Melgaço, numa vigília em memória da vítimas.
Rita morreu na madrugada de domingo, quando estava a ser transportada para o hospital, após ter sido retirada do carro em chamas por colegas. A viatura, onde seguia com mais cinco amigos, todos de Melgaço, despistou-se na estrada municipal que liga o Parque de Campismo de Lamas de Mouro e o cruzamento da freguesia que faz a ligação a Castro Laboreiro, embateu numa árvore e incendiou-se.
Morreram na viatura, carbonizados, Cláudio Silva, de 18 anos, da freguesia de Paderne, Gabriel Garelha, de 19, militar do exército, natural de Paderne, e Sara Sérvio, de 18 anos e de Melgaço, uma das ocupantes do banco traseiro. Inês Ribeiro e Paula Meleiro, ambas de 18 anos, foram arrastadas, à semelhança de Rita, para fora da viatura tomada pelo incêndio, por colegas que se encontravam no café próximo e se aperceberam do acidente.
Inês continua em estado crítico, devido a lesões internas resultantes do embate, e Paula, que sofreu várias fraturas num dos membros superiores, está fora de perigo.
Fonte do hospital de Viana do Castelo adiantou ao JN que Inês Ribeiro se encontrava, hoje à tarde, internada nos cuidados intensivos, “estável, num quadro de aparente evolução positiva”.
Além do funeral de Rita Afonso, não são conhecidas ainda as datas das cerimónias fúnebres das restantes vítimas. Ao que o JN apurou, a libertação dos corpos poderá ainda demorar alguns dias, devido aos procedimentos obrigatórios relacionados com a identificação e causa de morte.
Recorde-se que a tragédia terá, segundo testemunhas no local, ocorrido em contexto de uma “brincadeira” com velocidade. O desafio passava por acelerar numa reta o carro, um Opel Corsa de cinco portas a gasolina, com “mais de 20 anos”, e que levava um passageiro a mais. A viatura circulava na pacata estrada municipal (antiga nacional 202), onde os jovens estavam acampados.
Junto à estrada, em frente ao local do acidente, vive Joaquim Sousa, que, no dia seguinte à tragédia, lamentou as razões do sucedido, e apelou a que sejam colocadas “lombas” na via.
“Foi brincadeira de putos. Já pedimos várias vezes para meterem aqui lombas. Este bocadinho de estrada aqui é impressionante porque eles vão para o café e depois saem e ‘vrum’. Já pedi tantas vezes as lombas. Julho e agosto é uma desgraça [com os carros a acelerar]”, afirmou.