A produção de vinho na Região Demarcada do Douro, em 2025, deverá recuar “cerca de 20%” em relação à vindima de 2024, que gerou 274 mil pipas (550 litros cada). A previsão foi avançada, esta quinta-feira, pela Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), que tem sede em Vila Real.
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De acordo com o diretor-geral da ADVID, Luís Marcos, a estimativa da produção, com base no pólen capturado à floração, “apresenta, para este ano, valores que variam entre as 237 mil e as 267 mil pipas”. A previsão para 2025 é que fique “abaixo do limite mínimo”, podendo ficar “20% abaixo da produção do ano anterior”. Para ser um ano de produção média, o volume da colheita teria de ficar “próximo do mínimo do intervalo”.
O responsável justificou que “o número de cachos por videira é inferior na generalidade das vinhas da região”. “O míldio e algum escaldão também interferiram na previsão”. Nomeadamente a doença, que teve impacto maior em toda a Região Demarcada do Douro, com mais incidência em “áreas da sub-região do Baixo Corgo e algumas zonas a cotas mais altas” de concelhos como “Sabrosa, Alijó e Vila Real”, áreas que terão “produções mais reduzidas”.
Luís Marcos destacou que o atual ano vitícola tem sido “um bocadinho atípico em termos de comportamento, quer meteorológico, quer do ciclo vegetativo”. Começou por ter um inverno “bastante seco, mas quente”, que provocou um “atraso no ciclo vegetativo da videira”. Na primavera, choveu “mais que o normal”, o que ajudou ao “desenvolvimento da planta”.
Porém, “o aumento do volume de precipitação e as temperaturas elevadas sentidas no inverno” resultaram numa “floração atrasada em relação à média”. Antes e durante este ciclo verificou-se “uma incidência muito grande de míldio”, o que “tem impacto na previsão da produção”.
A ADVID, com o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto e a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, faz anualmente a estimativa da produção com base no pólen capturado à floração para a Região Demarcada do Douro. Este ano, as condições durante aquela época “foram boas”, o que fez com que houvesse mais pólen na atmosfera”, realçou Luís Marcos.
Até à vindima, que deverá começar em finais de agosto, muita coisa poderá ainda acontecer, mas, neste momento, “as videiras estão em conforto hídrico”. Todavia, como pouco choveu desde junho, tal poderá criar “situações de stress hídrico que podem ter impacto na produtividade, como também no potencial qualitativo”. As “temperaturas elevadas e a ausência de vento” também poderão potenciar situações de escaldão”.