Não houve consenso entre Produção e Comércio na reunião do Interprofissional desta sexta-feira.
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A Região Demarcada do Douro vai ter de esperar mais três semanas para ficar a saber o quantitativo de benefício para a vindima de 2025. Não saiu fumo branco da reunião do Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), realizada esta sexta-feira, no Museu do Douro, na Régua. Produção e Comércio vão continuar a partir pedra em novo encontro agendado para 18 de julho, no mesmo local.
O benefício é a quantidade de mosto que pode ser destinado à produção de vinho do Porto em cada vindima. A decisão é tomada no Conselho Interprofissional do IVDP, onde têm assento em equilibro de forças os representantes das duas profissões. O encontro anual no qual se decide e anuncia o comunicado de vindima é sempre o mais aguardado pelos viticultores, já que é no benefício que têm a principal fonte de rendimento.
No terceiro ano consecutivo de crise, devido à menor procura de uvas por parte das empresas produtoras de vinho do Porto, a decisão desperta ainda mais atenção. Sabe-se que o Comércio quer descer novamente o quantitativo, enquanto a Produção está a bater-se para, pelo menos, não ficar muito aquém do decidido o ano passado. Mas há também outras questões que poderão amenizar uma eventual descida do benefício e que ainda estão a ser discutidas, nomeadamente, com o Ministério da Agricultura e Mar.
Para a vindima de 2024, foram aprovadas 90 mil pipas (550 litros cada uma), um decréscimo considerável atendendo às 104 mil de 2023 e às 116 mil de 2022. Tendo em conta que cada pipa de vinho do Porto é paga ao viticultor, em média, a mil euros, a viticultura desta zona vinhateira perdeu 26 milhões de euros nas colheitas de 2023 e 2024.
Entretanto, a Confederação Nacional da Agricultura e sua associada Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense continuam a reivindicar o “aumento do quantitativo do benefício, o “escoamento e preços justos para as uvas” e a “proibição da compra de uvas abaixo do valor dos custos de produção”. Contra a crise no Douro, vão organizar uma manifestação na cidade da Régua, na próxima quarta-feira, 2 de julho.