Comunidade Intermunicipal (CIM) perdeu população na última década e agora passa a colocar o Douro na sua designação e como membro, através de dois concelhos.
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A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa passou a designar-se de Douro, Tâmega e Sousa e, como imagem promocional, usa Afonso Henriques, sob o lema "Aqui começa o futuro do nosso território". A nova imagem de marca, apresentada esta quinta-feira em cerimónia pública realizada em Cinfães, é composta por um escudo, em fundo verde com 11 pontos que representam cada um dos concelhos da CIM, uma espada e um soldado, no caso, Afonso Henriques.
Antes de ser coroado rei, Afonso Henriques foi príncipe em Riba Douro, atual território do Tâmega e Sousa, onde teve por aio Egas Moniz, dos Riba Douro. Este facto da pré-fundação da nacionalidade, pouco conhecido, passa a ser usado para promover a nova "identidade" do Tâmega e Sousa de forma a dar mais "coesão" e mais visibilidade ao território.
Contudo, também "vinca" as raízes históricas da sub-região que administrativamente foi inserida numa CIM sem que "ninguém tivesse perguntado aos 11 municípios o que achariam da sua constituição", frisa a empresa responsável pelo plano de comunicação, garantindo que não pretende bater de frente com Guimarães que tem como marca o "Conquistador D. Afonso".
"Efetivamente este território teve um papel preponderante na pré-fundação da nossa nacionalidade e é só isso que queremos evidenciar. Não há nenhuma colagem a outra marca, é a nossa identidade e isso ninguém nos pode tirar", justificou, ao JN, Pedro Machado, presidente da CIM.
Retrato negro
Com a ministra da coesão, Ana Abrunhosa, na plateia, o autarca lançou números que fazem um retrato a negro da CIM: é a região com o pior PIB per capita, tem as maiores disparidades de rendimento e poder de compra per capita, a mais baixa intensidade de apoios de fundos europeus da região norte e, na última década, perdeu 24307 pessoas (-5,6 % da sua população), restando 408878 indivíduos, a atual população.
Este "desastre demográfico" revela que "a heterogeneidade do Douro, Tâmega e Sousa ameaça a coesão territorial da região", conclui Pedro Machado.
Ministra promete apoio
A ministra da Coesão Territorial, em resposta, garantiu aos autarcas que terão "a breve prazo muitas oportunidades para financiarem projetos que considerem estruturantes e essenciais". O dinheiro virá do novo quadro comunitário de apoio. "Assim haja projetos prioritários e não um conjunto de projetos", alertou.
A ministra apontou ainda como "desejável a articulação virtuosa do Tâmega e Sousa [com outras CIM] Ave ou Douro para que se criem novos níveis de articulação, projetos em rede, que permitam uma afirmação deste território face ao efeito sentido da Área Metropolitana do Porto, permitindo um Norte mais coeso por esta via", explicou a Ana Abrunhosa. Este "é um debate que a CIM tem de preparar com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Norte. Ao JN, Abrunhosa admitiu que, a "ideia virtuosa" de pôr as CIM a trabalhar em rede, visa o reforço da coesão territorial que começou com a descentralização de competências e que poderá chegar à regionalização.
A cerimónia pública em Cinfães foi, também, aproveitada por Ana Abrunhosa para apresentar a nova doutrina dos ITI - Instrumentos Territoriais Integrados - a nova designação para os Pactos para o Desenvolvimento e Coesão Territorial (PDCT).
No contexto do Programa Operacional do Norte, via PROVER que tem em conta as características dos territórios, com efeitos a médio e longo prazo, "a ideia é focarmo-nos nos produtos endógenos e nas parcerias. Os privados são muito bem-vindos", garantiu a ministra.
Aos jornalistas, Ana Abrunhosa disse antever que, neste segundo semestre, a CIM possa ter a possibilidade de negociar com a CCDR-N, o seu plano de ação de modo a encontrar as gavetas financeiras que apoiem a estratégia comum dos 11 municípios da CIM Douro, Tâmega e Sousa (Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Penafiel e Resende).