Dromedários "ninos" são atração da recriação histórica Recontro de Valdevez

"O Recontro de Valdevez de 1141 - Os Árabes e Leão” arranca esta sexta-feira
Rui Manuel Fonseca/Global Imagens
Uma parelha de dromedários introduz, este ano, uma componente nova na recriação histórica Recontro de Valdevez, que decorre esta sexta-feira e sábado no Paço de Giela, em Arcos de Valdevez.
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Os animais, que respondem pelo nome de “nino”, independentemente de serem fêmea e macho, são já um motivo de atração para o público, que a partir das 17 horas de hoje começou a afluir ao evento. E vão também figurar no espetáculo central da recriação histórica, "O Recontro de Valdevez de 1141 - Os Árabes e Leão” (torneio d’armas a cavalo), que será apresentado esta noite, a partir das 22 horas, e amanhã à mesma hora, envolvendo a participação de 230 figurantes de associações locais.
“Este é um dos três episódios fundadores do país ligados a D. Afonso Henriques. O primeiro é a Batalha de S. Mamede, o outro é a Batalha de Ourique e depois é o Recontro de Valdevez”, explica Nuno Soares, mentor e coordenador do evento, organizado pela câmara de Arcos de Valdevez, e que há seis edições atrai milhares de pessoas ao Paço de Giela, Monumento Nacional (1910) recuperado e aberto ao público desde 2015.
Todos os anos, a representação, de cerca de uma hora, foca aspetos diferentes do “episódio” que colocou frente-a-frente os exércitos de Afonso Henriques, futuro primeiro rei de Portugal, e do seu primo Afonso VII de Leão e Castela.
“É uma superprodução, com desenho de som e luz, teatro, encenação, com o Paço de Giela integrado na estrutura cénica, e em todas as edições há sempre algo novo. Falamos sobre o recontro e as suas várias fases, sempre com uma componente pedagógica”, descreve Nuno Soares, adiantando que “a novidade”, é “tentar aproximar um episódio que aconteceu dois anos antes [do recontro], em 1139, que foi a Batalha de Ourique”.
“O que fizemos foi pegar numa família contemporânea que está a ler um jornal e diz: olha que este fim de semana vão fazer a recriação histórica do Recontro, e que faz a viagem no tempo [acompanhando e comentando de vez em quando a própria encenação]. E depois vamos meter os árabes e falar um bocadinho de 1139 que, de alguma forma, vai justificar 1141”, conta aquele responsável. “Ao fim e ao cabo pegamos na vida de Afonso Henriques, antes e depois, e vamos sempre trabalhando algumas coisas", acrescentou.
Na componente que renova o espetáculo em relação a anos anteriores entram oito cavalos e os dois dromedários, que pertencem a Vitor Fernandes, promotor de eventos também de falcoaria, oriundo de Setúbal, e conhecido no meio como “Alcaide”. Possui três animais ruminantes da família dos camelídeos, criados desde pequenos, que usa nas festas de natal, para recriação dos Reis Magos.
“Aqui vamos mostrar um bocadinho do que é a cultura e costumes, gastronomia e as próprias tendas típicas. E fazemos parte do espetáculo”, disse, comentando o nome comum a todos.
“Já lhes chamei António, Pedro…não me ligavam nenhuma. Chamo-lhes 'nino’ e reagem os três, ficou ‘nino’”, justificou (risos).
A recriação história de Arcos de Valdevez inclui, além do espetáculo, vários espaços e atividades de animação à volta do Paço de Giela. Desde a Praça dos Mercadores e dos Ofícios (zona de artesãos), ao Largo do Sustento (praça de alimentação), do Retiro dos Infantes e à Ladeira dos Renegados, onde estão representados "os marginais", e Treino dos Cavaleiros (parque infantil).
No sábado, as portas abrem às 11 horas e há animação de 15 em 15 minutos no recinto, atividades medievais para as famílias, uma “investidura dos Cavaleiros Petizes”, ronda dos dromedários e treino de cavaleiros. À noite repete o espetáculo “O Recontro de Valdevez de 1141 - Os Árabes e Leão” (Torneio d’Armas a Cavalo)”, e uma hora depois há “Bailias animadas ao Som dos Trovadores”, até às 3 horas.
“Nós quando dizemos que somos de Arcos de Valdevez, onde Portugal se fez, queremos levá-lo à letra e marcar este acontecimento de 1141, que permitiu que fossemos independentes e tivéssemos o nome Portugal, Reino de Portugal à época”, defendeu a vereadora da Animação Recreativa e Cultural da câmara local, Emília Cerdeira, destacando “a importância” daquele que “é, pela sua componente histórica e pelos valores que movimenta, um dos maiores eventos” daquele concelho. Entre os 230 figurantes dos espectáculo e outros participantes nas restantes atividades e espaços, o evento conta, segundo aquele responsável, com a presença de “cerca de meio milhar de pessoas das freguesias” daquele concelho.

