Disponível para colaborar com a Metro do Porto e com os projetistas da sétima travessia sobre o Douro, a grande dúvida da Faculdade de Arquitetura recai em saber qual a "real margem de manobra" que poderá existir na inserção da ponte do lado portuense. Adão da Fonseca, concorrente excluído e que contestou a decisão, confessa ter desistido dos tribunais, mas admite contribuir.
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"A nossa grande dúvida é sobre até que ponto há, efetivamente, possibilidade de, nesta fase do projeto, fazer as alterações que consideramos essenciais para resolver as grandes questões presentes no caderno de encargos", admite Teresa Cálix, vice-diretora da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP). As preocupações da faculdade, conhecidas desde que foram anunciadas as três propostas melhor classificadas no concurso público, prendem-se na inserção da nova ponte.
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A conceção da nova ponte foi adjudicada ao consórcio liderado pela empresa Engenheiro Edgar Cardoso e que integra a Arenas e a NOARQ. O JN contactou a empresa Edgar Cardoso, mas até ao momento sem sucesso.
A FAUP está disponível para colaborar com os projetistas e com a Metro mas, para já, não houve qualquer contacto nesse sentido.
"O problema está no caderno de encargos", que impôs "um conjunto de princípios que, do nosso ponto de vista, não eram os mais adequados à inserção urbanística da ponte", diz Teresa Cálix. Por isso, uma eventual colaboração entre a faculdade, os projetistas da sétima travessia sobre o Douro e a Metro, irá centrar-se na tentativa de "minimizar ao máximo" a implantação da ponte, identificada como a questão "mais problemática".
"Ainda não tenho os dados do projeto vencedor e, portanto, não analisei. Mas imagino que aquelas questões fundamentais, que deveriam ser repensadas estarão lá de certeza, porque o caderno de encargos impunha o cumprimento desses princípios. Todos os projetistas que, de algum modo, entenderam que aquela não seria a melhor solução e optaram por outras, foram eliminados. Os três vencedores e o vencedor final, obviamente, cumpriram as indicações", observa Teresa Cálix.
"Temos que aguardar para ver como isto evoluirá e qual é a margem de manobra efetiva que existe [em alterar a inserção da ponte], que é a nossa grande dúvida neste momento", admitiu a vice-diretora da FAUP.
Adão da Fonseca desistiu dos tribunais
Uma das propostas excluídas do concurso público e que, por isso, não conquistou um lugar no pódio foi a do engenheiro Adão da Fonseca. O concorrente diz que o seu projeto recebeu, a determinada altura, a "melhor classificação", mas considera que não foi selecionado porque "o júri cometeu vários erros" que conduziram à diminuição da pontuação obtida inicialmente.
O engenheiro civil avançou com uma ação em tribunal, que suspendeu o procedimento em novembro, mas confessa que essa nunca foi a sua intenção. "Não pretendíamos atrasar ou criar dificuldades ao procedimento. A nossa decisão de levar o caso a tribunal pretendia que a lei fosse cumprida e que o tribunal rapidamente declarasse que a audiência prévia era obrigatória", clarifica o engenheiro, indicando que o principal motivo para ter sido excluído foi a decisão de colocar "as fundações nas marginais".
Adão da Fonseca diz que "foi estranho o tempo que o juiz levou a tomar uma decisão, ainda por cima de apenas levantar a suspensão, justificando essa decisão nos 'hipotéticos' prejuízos dessa medida".
"Infelizmente, os administradores da Justiça entenderam que a justiça pode ser apenas uma questão de perdas e ganhos financeiros. Nós poderemos até vir a ter uma compensação, mas esse não era o nosso objetivo", garante o concorrente excluído. A ação interposta pedia uma indemnização de 150 mil euros.
O engenheiro civil diz que não vai recorrer da decisão do tribunal e que estará disponível para contribuir na conceção da sétima travessia sobre o Douro.