Utentes do cemitério queixam-se da degradação das campas, algumas engolidas pela terra. Autarca diz que munícipes devem fazer as reparações.
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O problema não é novo mas tem-se agravado nos últimos meses e, na passada terça-feira, não foi pouca a revolta dos muitos que se deslocaram ao cemitério de Leça do Balio, em Dia de Todos os Santos, e mais uma vez presenciaram os fortes sinais de degradação nos setores das campas temporárias. Estruturas de pedra e mármore a serem engolidas pela terra, locais de passagem entre campas com cimento partido, buracos sob as lajes. O presidente responde que o arranjo desses espaços é da responsabilidade dos familiares das pessoas ali sepultadas.
"É escandaloso, porque há mais de um ano que isto está degradado. Tive de colocar umas pedras na campa do meu pai, porque o desnível do terreno fez deslizar o tampo e até o caixão se via", conta Manuela Gonçalves.
São várias as campas nesta situação. Algumas parecem entrar pelas covas. Outras estão descalçadas com o abatimento das terras e vê-se o interior escuro das sepulturas. Os gatos deambulam pelo local.
"Este acaba por ser um cenário chocante. Algumas campas estão ao abandono, é certo, mas outras não estão e as pessoas pagam dez euros por ano para ali terem os seus entes queridos", refere António Teixeira.
Um provisório definitivo
Este cenário "pouco digno para utentes e visitantes" é do conhecimento da União de Freguesias de Custoias, Leça do Balio e Guifões. O seu presidente confirma que os munícipes pagam dez euros pela ocupação das campas, algumas delas em má situação.
"São meia dúzia de campas e naquele setor algumas delas estão abandonadas. As pessoas têm de perceber que têm de zelar por estes espaços e não basta aparecer no cemitério uma vez por ano", explica Pedro Gonçalves, presidente da União de Freguesias.
O autarca recorda que se trata de campas provisórias que, por lei, os corpos têm de ser levantados ao fim de três anos, ou para o ossário ou para jazigos de família. "Durante esse período, não é cobrada qualquer taxa, mas o que acontece é que na zona do Grande Porto, com os solos muito húmidos, são necessários mais anos para que haja a decomposição completa. O que fazemos é deixar as sepulturas mediante o pagamento anual", acrescenta o autarca.
Utente deve fazer obras
"É da responsabilidade das pessoas zelar e reparar os estragos nos 20 centímetros em volta da campa, até porque a Junta de Freguesia tem gastos extraordinários com água e luz. Só em água são 700 a 800 euros por ano", acrescenta Pedro Gonçalves. Seja como for, a autarquia vai publicar um edital dando um prazo e as campas que estiveram ao abandono serão desocupadas.
DETALHES
Temporárias
As sepulturas temporárias destinam-se à inumação por um período de três anos, findos os quais poderá proceder-se à exumação. Contudo, em Leça do Balio este período acaba por ser alargado em mais anos.
Regulamento
A União de Freguesias, de acordo com o seu regulamento, poderá, a qualquer momento, mandar exumar as ossadas que permaneçam em sepulturas, depois de avisar os familiares ou o responsável pela referida inumação.