Apesar de prevista no novo Plano da Orla Costeira Caminha-Espinho, que ainda não entrou em vigor, a demolição do Edifício Transparente, no Porto, permanece incerta.
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O imóvel, junto ao mar, está quase todo ocupado e há novos espaços a abrir. Os empresários não acreditam que a demolição seja mesmo para avançar.
A própria Agência Portuguesa do Ambiente não é definitiva. O novo plano, "ao passar a integrar a área de jurisdição portuária, poderá prever a demolição referida", informa aquela instituição, sublinhando que a versão do plano que esteve em consulta pública contempla a solução indicada. Mas não é certo que essa seja a versão definitiva e até já há novos negócios a instalar-se no edifício.
Aliás, atualmente, quase todos os espaços estão ocupados com estabelecimentos de restauração, lazer, gabinetes de arquitetura, lojas e um ginásio. Só entre março e junho deste ano abriram cinco novos negócios. Entre os empresários e comerciantes, ninguém acredita que o prédio vá abaixo.
Entretanto, no segundo piso do edifício, decorrem os últimos trabalhos para concluir o novo espaço de coworking com vistas para o mar. Chama-se "Work-In Porto", tem 650 m2 e contará com várias áreas de trabalho, espaços comuns e salas de reuniões, distribuídos por dois andares, com despesas de água, luz e wi-fi incluídas e área para refeições, tal como indica o site Workin.pro.
O JN tentou obter mais informações sobre o novo espaço junto da empresa Caos, a responsável pelo espaço, e da Hottrade, gestora do Edifício Transparente, mas não obteve resposta.
sem data prevista
"Por se situar numa zona de risco e de galgamento costeiro", o Plano da Orla Costeira (POC) Caminha-Espinho, que foi sujeito a discussão pública, previa a demolição do Edifício Transparente. No entanto, a Câmara do Porto refere: "Ainda não é conhecida a redação da versão definitiva do POC, pelo que não sabemos se se mantém essa intenção, nem quais os termos exatos para a sua demolição".
Aliás, não foi definido nenhum prazo para avançar com a demolição. Apesar disso, no início de 2019, O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que a demolição só avançaria em 2024, quando termina a atual concessão.
O estado de conservação do edifício também gera dúvidas. Um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), de 2017, concluiu que o edifício apresentava "anomalias" e falhas no sistema de segurança contra incêndios e na caixilharia, alertando ainda para a "degradação dos materiais de vedação" e para a "fixação dos vidros". Até à data, nenhuma intervenção estrutural foi feita.