O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia alertou, esta segunda-feira, para a necessidade de o próximo governo acertar o futuro da antiga ponte ferroviária Maria Pia, cuja intervenção foi estimada em 15 milhões de euros.
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Em declarações aos jornalistas, depois de no ponto prévio da reunião do município ter explicado o sentido das suas afirmações na última assembleia municipal em resposta a uma pergunta do público, Eduardo Vítor Rodrigues manifestou empenho em que haja uma solução, mas que é impensável o município assumir a fatura da obra.
"A demonstração do nosso empenho no assunto é que quer do lado do Porto quer do lado de Gaia toda a zona municipal de acesso à ponte está toda tratada. Só falta a ponte", recordou o autarca socialista.
Para Eduardo Vítor Rodrigues a solução passa por "colocar as instituições a falar", defendendo que o "novo governo vai ter de assumir isto de forma determinante, porque é uma obra de arte, é uma coisa importantíssima da identidade do município de Gaia e do Porto".
Inaugurada em 1877 pela rainha que lhe deu o nome, a ponte Maria Pia é considerada a primeira grande obra de Gustavo Eiffel, tendo obtido um prémio internacional de engenharia.
Com 1600 toneladas de ferro, foi laboratório de soluções técnicas inovadoras para a época, como a conceção de um tabuleiro de 54 metros sobre um arco único de 160 metros de corda.
"Estamos a falar de uma intervenção que ultrapassaria os 15 milhões de euros, fora a manutenção constante", assinalou o autarca.
Questionado pela Lusa sobre há quanto tempo a Infraestruturas de Portugal (IP) não fala com os dois municípios sobre o assunto, o presidente da autarquia recordou que o assunto tramitou no primeiro mandato do ciclo autárquico" do PS à frente da câmara, "de 2013 a 2017".
"Depois disso, a IP tentou que a ponte passasse para os municípios, e a posição dos municípios de Gaia e do Porto foi a de rejeitar", prosseguiu Eduardo Vítor Rodrigues, defendendo que nenhum dos municípios "tem condições técnicas ou financeiras para assumir uma coisa daquela envergadura".
Assegurando estarem "disponíveis para colaborar, até mesmo para comparticipar", a situação muda quando o quadro passa para terem de "pagar integralmente".
Questionado sobre a deterioração da ponte por falta de manutenção e sobre o perigo que isso poderá vir a constituir para os milhares de pessoas que diariamente passam por debaixo dela, o autarca reconheceu-o, mas alertou que isso "responsabiliza o dono da ponte".
"O problema é que dos alertas que vamos fazendo somos sempre convidados a assumir e essa assunção ou é feita em parceria ou está fora de causa ser feita integralmente pelos municípios e esta é uma posição conjunta de Gaia e do Porto", insistiu o autarca socialista.