O presidente da Câmara de Gaia reivindica novas obras na ferrovia a Norte e no metro do Porto. Eduardo Vítor Rodrigues espera de que o Governo PS não siga os passos do PSD/PP e tenha "menos dogma anti-investimento público".
Corpo do artigo
O autarca desafiou, esta segunda-feira, as "múltiplas vozes" da região a romper o silêncio e a lutar por uma distribuição equitativa dos recursos do país e pelo Norte. "O desenvolvimento económico e social do Norte é o motor do desenvolvimento de Portugal na Europa", afirmou o socialista no encerramento da conferência sobre As Vias do Noroeste, organizada pelo "Jornal de Notícias" e pela Câmara de Gaia. Nesse sentido, crê que terá de inverter-se o abandono da ferrovia, apostar na expansão da rede do metro do Porto e clarificar a atual indefinição da estratégia aeroportuária, numa referência à intenção da TAP de acabar com os voos de longo curso diretos para o Aeroporto de Sá Carneiro, no Porto.
"Um dos investimentos prioritários é o alargamento da rede do metropolitano do Porto e a sua articulação com a ferrovia e com as redes locais de transportes urbano e interurbanos. Sem que se ultrapasse o défice infraestrutural da região e se avance com a definição clara da estratégia relativa às grandes infraestruturas de transportes, como o aeroporto ou os portos de mar, o Norte corre o risco de não conseguir um modelo de desenvolvimento sustentável, perdendo ainda mais competitividade económica e continuando a afundar-se nos indicadores sociais e humanos", argumentou o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues lembrou que o investimento no metro e na intermodalidade, "associada a um modelo de bilhética racional", é decisivo para alcançar as metas ambientais a que o país se comprometeu internacionalmente. "E nunca atingiremos este desiderato enquanto se perderem duas a três horas por dia em pendularidades intrametropolitanas, com todas as consequências económicas, sociais e ambientais". O atual Quadro Comunitário de Apoio poderá ser "a última oportunidade para criar as condições de desenvolvimento vitais para o Norte".
Para o presidente da Câmara de Gaia, a despesa ganhou má fama na última legislatura. Mas há despesa boa e há despesa má. "O país, a região e os municípios necessitam de investimento seletivo e inteligente" e as autarquias não são menos capazes do que as empresas para fazê-lo.
"Em nome destas fortes convicções e em nome da insatisfação com as opções anteriores, põe-se agora uma enorme expectativa sobre este Governo e a sua capacidade de olhar para o país como um todo", sublinhou Eduardo Vítor Rodrigues, pedindo ao Executivo, liderado por António Costa, "menos dogma anti-municípios, menos dogma anti-investimento público e mais investimento e desenvolvimento sustentável".
"Aqueles que vociferam contra o betão e contra o investimento público não são apenas dogmáticos hipotecadores do futuro", disparou o socialista: "São também complexados de um passado de megalomanias e de investimento desnecessário que, pela sua indisponibilidade para a crítica dessa realidade, preferem abdicar do futuro em nome da preguiça intelectual e dos complexos políticos para avaliarem e corrigirem os erros do passado".