Os pais das crianças estão em choque com a decisão e temem o regresso da docente ao jardim de infância.
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O processo disciplinar corria há um ano. A investigação da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) concluiu que há indícios suficientes para suspender, por 90 dias, a educadora do jardim de infância EB0, em Tondela.
A mulher, de 60 anos, é suspeita de maus-tratos a crianças dos três aos seis anos, desde privar as crianças de comer, de irem à casa de banho e de as obrigar a despirem-se como castigo. Há ainda relatos de bofetadas.
O prazo de suspensão da docente termina no dia 6 de junho, altura em que deverá regressar ao agrupamento de escolas. Os pais das crianças temem esse dia.
“Não estamos só preocupados com os nossos [filhos]. Estamos preocupados com os que lá estão agora e com aqueles que ainda hão-de vir, porque quem faz uma vez pode fazer outra… e outra…”, desabafa uma mãe que prefere não ser identificada.
As crianças foram ouvidas no âmbito do processo disciplinar e grande parte continua a ser acompanhada por equipas de psicólogos e pedopsiquiatras.
“Quando se portavam mal, começavam por ficar descalços até ficarem em cuecas. [A educadora] não os deixava ir à casa de banho quando estavam a formar fila para irem almoçar ou lanchar… a ponto de ele ter que apertar a pilinha”, recorda um dos encarregados de educação. Outro pai conta que “ficavam sentados 40 minutos sem se poderem mexer”. “Se se mexessem tinham que se levantar e voltar a sentar à perninha à chinês. Não podiam contactar com as crianças das outras salas, tinham a sala sempre fechada”, revela.
Já o inquérito crime, instaurado em março de 2023, continua “em investigação”. O JN pediu a consulta do processo ao procurador titular no Tribunal de Tondela, que indeferiu o pedido.
A advogada de alguns dos pais afirma que “há falta de informação” no processo por parte da “entidade responsável pelo processo disciplinar”. “[O Ministério da Educação] não presta informação aos pais, à direção do Agrupamento e ao Ministério Público”, afirma Mirian Gouveia.
O JN tentou contactar a educadora, que não respondeu.