Elisa Ferreira: "É inaceitável que os jovens não votem e deixem aos velhos os seus destinos"
A comissária europeia, Elisa Ferreira, participou, na quinta-feira, num sunset com 40 estudantes universitários em Ponte da Barca, e deixou o apelo para que votem nas eleições europeias de 2024, considerando "inaceitável" que "os jovens deixem aos velhos os seus destinos".
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Durante a sessão, Elisa Ferreira afirmou que Lisboa não está, neste momento, a beneficiar de fundos comunitários, que o país necessita de uma região Norte forte e que há poucos casos de fraudes com verbas da Europa em Portugal. E, em contrapartida, os níveis de execução são elevados.
Assumiu-se, de resto, uma "entusiasta" da Europa, lembrando o que "correu mal à Inglaterra [com a sua saída do grupo hoje com 27 países]".
Esta sexta-feira, penúltimo dia do Summer CEmp da Representação Portuguesa da Comissão Europeia em Ponte da Barca, será a vez da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, protagonizar um sunset. Será no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), onde também está previsto um debate com eurodeputados, entre outras ações com os jovens.
Na quinta-feira ao fim do dia, Elisa Ferreira, responsável pela Coesão e Reformas, falou na escola de verão e respondeu a questões dos participantes, universitários de várias zonas do país, sobre as políticas da União Europeia e principalmente sobre as alegadas desigualdades entre países-membros e regiões de Portugal. Uma estudante de Trás-os-Montes questionou-a sobre o facto do Norte "ser a região mais produtiva do país e continuar a ser a mais pobre", enquanto Lisboa continua ser "uma região especialista em coesão [ironia]".
"Não há propriamente uma questão de 'os dinheiros vão todos para Lisboa'. Há dinâmicas que favorecem regiões mais ricas. Depois tem de haver políticas específicas e o país tem de perceber que não pode crescer se não tiver uma região Norte forte, uma região Centro forte e uma Lisboa forte", respondeu a comissária europeia, declarando: "Neste momento, Lisboa tem muito poucas verbas e está a perder dinâmica. É preciso termos isso em conta. O importante é que Lisboa não use fundos exatamente como se estivesse na situação de Trás-os-Montes, mas que não perca a sua capacidade de continuar a inovar, fazer investigação e a difundir isso para o resto do país".
No seu discurso na escola de verão com jovens até 30 anos, Elisa Ferreira ainda garantiu que os casos de fraude com fundos comunitários em Portugal são poucos e a taxa de execução de fundos é boa.
"Ninguém diz, nem é notícia, que aqui em Ponte da Barca se requalificou o centro urbano, com fundos estruturais, mas é capaz de haver, se houver um presidente de Câmara qualquer que faça uma fraude", comentou, considerando que "a generalização é má", até porque "o nível de fraude [no país] é muito reduzido. Está abaixo da média. E a taxa de execução é sempre das melhores".
Elisa Ferreira assumiu-se "uma entusiasta" da Europa. E defendeu que "só juntos é que conseguimos sobreviver".
"Quem anda para aí a dizer que 'nós isolados fazemos', enfim... Não correu muito bem aos ingleses e a Inglaterra que era um império", disse, apelando aos jovens da audiência para votarem nas europeias no próximo ano.
"Não faz sentido que haja eleições europeias que definem, de facto, o Parlamento Europeu, a composição da Comissão e a agenda da Europa, e que os jovens deixem aos velhos ou aos menos jovens, ou aos que são jovens há mais tempo, os seus destinos. Isso não é aceitável", defendeu.