O Laboratório colaborativo InnovPlantsProtect (InPP), liderado pela Universidade Nova de Lisboa, tem como objetivo ajudar a resolver problemas que se colocam no domínio do conhecimento do setor agrícola. Em funcionamento desde 2019, é um dos 35 laboratórios colaborativos projeto aprovado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
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O espaço, agora renovado, foi financiado pela Câmara Municipal de Elvas com o apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Alentejo. Custou 2,8 milhões de euros e já permitiu a fixação no Alentejo de 40 investigadores, alguns vindos do estrangeiro.
Cláudia Rato, de 43 anos, é um deles.
"Estive quase 11 anos no Reino Unido, sete dos quais na Universidade de Cambridge, a trabalhar numa área diferente da minha formação, Biologia Vegetal Aplicada. Mas há bastante tempo que queria muito regressar ao meu país. Sentia falta de estar com a minha família, com os meus amigos. Quando surgiu a oportunidade para trabalhar em plantas e o novo método de edição genómica não hesitei", revela ao JN.
Quando Cláudia chegou a Elvas, acompanhada pelo marido, também ele investigador, dedicou-se a vários projetos, entre os quais um para o estudo da doença da ferrugem amarela do trigo, que pode causar perdas de produção na ordem dos 50%.
Cada vez mais os agricultores têm menos soluções químicas para usarem nos campos
"Começamos por colher amostras do fungo que provoca a doença em várias zonas aqui em redor, essencialmente no Alentejo, com vista à identificação da respetiva linhagem para começarmos a trabalhar numa solução para este problema. Cada vez mais os agricultores têm menos soluções químicas para usarem nos campos", defendeu.
Também Tiago Amaro, 32 anos, deixou o seu trabalho no estrangeiro, mais concretamente na Colômbia, para vir trabalhar para o InPP. A sua investigação incide na procura de "soluções biológicas", neste caso "organismos que já existem na natureza e explorar as suas capacidades para reduzir as doenças e as pragas que existem nas plantas".
"A investigação ainda está num estado embrionário. Já isolamos microrganismos do ambiente, já estamos a testar a sua capacidade contra algumas doenças, neste caso contra a doença do fogo bacteriano das macieiras e das pereiras, que está a causar muitos danos na zona oeste", continuou.
Proteção contra fungos
O desenvolvimento de novas moléculas para proteção de plantas contra pragas e doenças e a monitorização e diagnóstico colaborativo de pragas e doenças são algumas das linhas de trabalho do InPP. A que se junta a preocupação com as alterações climáticas.
"São uma componente muito relevante do problema acrescido que enfrentamos de pragas e doenças que comprometem a produção de alimentos e a sustentabilidade do setor agrícola"", explica ao JN Margarida Oliveira, presidente do Conselho de Administração do InPP.