A DreamMedia, acusada de alimentar um painel publicitário com eletricidade desviada da rede pública, recusa a acusação e afirma que pagou mais de 65 mil euros de energia à E-Redes. Em causa está uma notícia que apontava que a E-Redes tinha interrompido o serviço por alegada "apropriação indevida de energia".
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De acordo com a CNN Portugal, que noticiou o caso, o painel em causa, o Lisbon Gate, que a concessionária DreamMedia publicita como "o maior painel publicitário digital de Portugal", tem 25 metros de comprimento e oito de altura, num total de 200 metros quadrados de área de LED. Localizado em Lisboa, terá estado a funcionar durante meio ano sem custos para a empresa, alimentando-se por um ramal de rede aérea, apesar de terem sido instalados no local todos os equipamentos necessários para avançar com um contrato de fornecimento elétrico, desde logo um contador.
Instabilidade no fornecimento de energia
Em comunicado a empresa explica que "os atrasos e a instabilidade no fornecimento de energia ao painel resultam exclusivamente de falhas operacionais e morosidade por parte da E-Redes, que só reconheceu a validade das infraestruturas após uma disputa técnica que durou 9 meses e a empresa nunca foi notificada pela E-Redes para desligar o equipamento durante o processo". A Dream Media afirma ainda que as alegações com utilização do termo "roubo" "é falso e profundamente lesivo para a reputação da
empresa".
Na sequência de uma denúncia feita à Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), os técnicos da rede de distribuição de energia elétrica, E-Redes, deslocaram-se ao local e confirmaram que existia uma "situação de apropriação indevida de energia elétrica", sem que existisse qualquer contrato para fornecimento de energia, de acordo com os documentos a que a estação de televisão teve acesso. Quando a apropriação foi detetada pelos técnicos, a 6 de agosto, não foi possível cortar logo o fornecimento porque os valores de correntes instantâneos eram consideravelmente elevados, acabando esse corte por se concretizar no dia 23.
A distribuidora denunciou que "o fornecimento de energia já foi interrompido por duas vezes" e reportou uma "reincidência da apropriação indevida de energia".
Empresa pagou 65 mil euros
Por sua vez, a Dream Media explica que "a 29/11/2024 e antes da publicação da notícia, a DREAMMEDIA recebeu da E-Redes um aviso de cobrança no valor de 65.000€, referente ao consumo de energia do painel Lisbon Gate. O valor foi prontamente liquidado pela empresa, demonstrando o seu compromisso com a regularização total da situação". O grupo explica ainda que mantém contacto permanente para "regularizar definitivamente este proceso".
Legislação
A ERSE explica, que "nos termos da legislação aplicável, em caso de apropriação ilícita de energia, as regras e o procedimento estipulam que cabe ao operador da rede de distribuição de eletricidade, E-Redes, atuar no sentido da eliminação da prática fraudulenta e proceder à recuperação dos valores devidos, encontrando-se esta empresa devidamente notificada pela ERSE da presente situação".
O regulador lembra ainda que "a regulação económica da atividade de distribuição de energia elétrica integra um mecanismo de incentivo à redução das perdas de energia elétrica, penalizando o operador de redes sempre que as perdas sejam superiores a um limiar de referência", isto porque "o operador da rede de distribuição de eletricidade recebe um incentivo à redução das perdas de eletricidade, referente ao resultado das ações de mitigação do consumo indevido de energia".