A Colquímica Adhesives, empresa sediada em Susão, desenvolve há mais de 60 anos colas para utilização industrial, exporta produtos para 60 mercados internacionais e fatura cerca de 100 milhões de euros por ano. Laboratórios topo de gama e produção contínua tornam esta marca numa referência Mundial.
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Para contar a história da Colquímica Adhesives SA, sediada em Susão, Valongo, é preciso recuar até à década de 50 do século passado, quando José António Koehler fundou a empresa pioneira no desenvolvimento de colas de base aquosa para aplicações industriais. Nos anos 70, foi a vez de o dono introduzir, pela primeira vez, no mercado as colas termofundíveis, vulgarmente denominadas "hot melt", o principal negócio desta indústria.
"Somos especialistas na produção de colas hot melt para várias áreas, nomeadamente higiene pessoal e médica, com colas para a produção de fraldas para bebés e incontinentes; pensos para feridas na área médica, bem como, lençóis cirúrgicos. Também somos extremamente fortes na área de colas para colchões, de papel, embalagem e assemblagem de produtos", explica Sofia Koehler, vice-presidente e filha do fundador, anotando que a expansão internacional começou em 1990 e, desde aí até ao momento, a empresa passou a estar presentes em mais de 60 países em todo o Mundo.
"Temos maior concentração de vendas nos países da União Europeia e uma forte presença na região do Magreb, Turquia, em países extracomunitários na América do Sul e Central e estamos com uma aposta muito interessante de expansão para o mercado americano", frisou a gestora.
O crescimento internacional permitiu à Colquímica investir em infraestruturas mais modernas e inovadoras. "Em 2008 abrimos as atuais instalações em Portugal, nas quais demos uma nova estrutura e imagem à empresa com o desenvolvimento de laboratórios de topo, bem como uma produção "state of the art" a nível de tecnologia de colas hot melt", avança a vice-presidente, apontando 2013 como "um ano verdadeiramente paradigmático", pois foi quando abriram a primeira fábrica fora do país, mais concretamente na cidade poláca de Poznan.
A mais recente mudança deu-se em 2015, e ao nível da administração, quando Sofia e o irmão e CEO João Pedro Koehler adquiriram a totalidade da empresa, comprando a parte correspondente aos outros dois irmãos, e, em conjunto com Pedro Gonçalves, assumiram a gestão da Colquímica.
Com 260 funcionários a nível global (160 na unidade industrial em Portugal e 100 na Polónia), a empresa estima, este ano, ter uma faturação a rondar os 100 milhões de euros. "Neste momento já somos considerados uma grande empresa, na nossa indústria de colas hot melt somos o quinto maior "player" a nível da Europa, Médio Oriente e África", salienta a vice-presidente, traçando como meta para o futuro a expansão e reconhecimento da marca a todos os níveis: "Somos uma marca para a indústria, mas porque acreditamos que o "branding" de uma empresa é um ponto de partida para o crescimento e reconhecimento e porque damos muita importância e relevo à relação que temos com todos os "stakeholders", sentimos a necessidade de nos reposicionarmos como uma marca global, multicultural e próxima das pessoas".
Já somos considerados uma grande empresa, na nossa indústria de colas hot melt somos o quinto maior 'player' a nível da Europa, Médio Oriente e África
Para ser um jogador à escala mundial, a Colquímica Adhesive avançou com uma mudança de imagem, designada de "rebranding", não só a exterior, como também a nível de reposicionamento da marca no mercado. "Qualquer estratégia de uma empresa tem de ter uma diferenciação e nós queremos diferenciar-nos pelo serviço, pela marca e ser reconhecidos a nível global por sermos diferentes nesta indústria", justifica Sofia Koehler.
O primeiro sinal de que a empresa pode estar no caminho certo chegou no passado sábado, quando recebeu, em Londres (Inglaterra), um "Stevies Awards", prémio atribuído pelo International Business Awards (Prémios Internacionais de Negócios), na categoria "Bronze" como "Rebranding do Ano". "É muito importante e foi uma grande felicidade, não só porque é um prémio internacional, estivemos lá com empresas de todo o mundo, desde os Estados Unidos à China, mas também porque sempre tivemos o grande sonho de sermos reconhecidos como uma "Industrial Love Brand". E o prémio faz-nos pensar que este sonho foi tornado realidade", finaliza a vice-presidente.
Ideias ganham vida nos laboratórios
O sucesso da marca deve-se muito ao trabalho levado a cabo pela administração, mas também ao departamento Investigação e Desenvolvimento, que dá vida às ideias inovadoras. "No laboratório é onde começamos o processo de desenvolvimento das ideias até criarmos o produto final", explica a engenheira química Sara Almeida, responsável pelo "packaging", avançando que o tempo de concretização de um novo projeto "não é muito demorado".
"Tentamos sempre corresponder às expectativas dos nossos pedidos e que os produtos estejam disponíveis o mais pronto possível para os colocarmos no mercado. Desde a ideia até à conceção do produto e controlo de qualidade um mês seria suficiente", complementa a investigadora.
É também no laboratório que é feita a transferência de escala entre as quantidades necessárias dos diferentes materiais utilizados para criar uma amostra e para se passar para a produção em linha do mesmo produto. "Como se trata de mistura de produtos o que temos em laboratório em escala pequena será o que conseguiríamos ver na escala da produção. Passar das gramas para as toneladas é bastante idêntico e se controlarmos todas as quantidades no laboratório, os resultados serão seguramente concordantes e promissores na produção", refere Sara Almeida.
Sobre os equipamentos laboratoriais, a engenheira química saliente que estes são de "topo", permitem-lhes "replicar as condições do cliente" e "garantir que o produto tenha qualidade de vida". "Temos também outros equipamentos sofisticados, inovadores, que nos conseguem dar bastante informação das propriedades do material das nossas colas. Temos todo o equipamento necessário para o desenvolvimento de produtos em todo o tipo de aplicações em que estamos inseridos no mercado", salienta a investigadora, anotando que a empresa está "sempre recetiva a novas ideias". "Seja dos clientes, da administração ou de outros departamentos, qualquer nova ideia é bem-vinda para enriquecer a nossa carta de produtos", aponta Sara Almeida.
Sete linhas de produção contínuas
Realizado todo o trabalho em laboratório, é a vez de se dar uma maior dimensão aos novos produtos. E nesse capítulo entra em ação Nuno Teixeira, diretor de Produção, a quem compete gerir as sete linhas de onde saem diariamente cerca de 80 toneladas de colas "hot melt" em diferentes formatos.
"Produzimos maioritariamente "big pillows", o formato mais vendido, mas todos os formatos são feitos da mesma forma. Temos as matérias-primas que são misturadas dentro de reatores, depois são extrudidas para as linhas de produção e cada uma destas linhas produz um formato específico", avança o diretor, anotando que o processo, "desde o carregamento das matérias-primas até ao embalamento demora quatro a cinco horas e é continuo". "Na Produção trabalhamos 24 horas por dia, sete dias da semana, devido à necessidade de satisfazer as encomendas. Cada linha tem um plano com muitas encomendas, com muitas necessidades e por esse motivo é que o processo não pode parar", acrescenta Nuno Teixeira.
Em seis das sete linhas de produção a capacidade dos reatores é de três mil quilos, na das pérolas aumenta para cinco mil quilos. "O processo de carregamento é repetido quatro vezes por dias, com exceção das pérolas, porque é uma linha que produz mais rapidamente e é mais eficiente e tem cinco cargas por dia, de cinco ou três toneladas, dependendo das cargas dos clientes", completa o diretor de Produção.