Empresa garante que obra da unidade de reciclagem de pás eólicas começa em abril

Minho Digital
A construção de uma nova unidade de reciclagem de pás eólicas em fim de vida, na zona industrial de Gandra-Taião, em Valença, deverá começar em abril, garantiu esta segunda-feira a empresa Ventos Metódicos. Em declarações ao Jornal de Notícias, o administrador Angel Costa, afirmou que a deposição de materiais no terreno para onde está licenciada a fábrica foi "autorizada pela câmara de Valença", no mandato anterior sob a liderança de Manuel Lopes (PSD).
O atual autarca José Manuel Carpinteira (PS), eleito nas últimas autárquicas (2021), anunciou há dias que a câmara está a "avaliar a legalidade" do depósito de pás de aerogeradores eólicos na zona industrial de Valença, antes mesmo da instalação da unidade de processamento dos mesmos resíduos e transformação em novas peças, como mobiliário urbano e para interiores
Angel Costa indicou que a empresa Ventos Metódicos, possui atualmente sede e uma unidade de produção, "com 20 trabalhadores" em Monção. E que a obra de Valença, que representa um investimento "de oito milhões de euros", sofreu "algum atraso, mas será iniciada em abril". "Em 2024 estaremos a produzir nas duas naves, em Monção e em Valença", garantiu aquele responsável, assegurando que o material que está atualmente a ser depositado em grandes quantidades no terreno da empresa, na zona industrial de Gandra-Taião, "não produz resíduos tóxicos, nem contaminação". "Temos uma carta do anterior presidente [Manuel Lopes] que nos autoriza fazer depósito do material", declarou.
A atividade da empresa passa por extrair componentes e estruturas de pás eólicas já sem proveito para o setor, provenientes "de toda a Europa", proceder ao seu corte no local, "sem gerar desperdício e impacto nocivo para o ambiente", e posteriormente transportar as peças para as linhas de processamento em Portugal.
O objetivo final é produzir mobiliário, candeeiros, vasos e outras peças decorativas para espaços interiores e exteriores. "Somos a única empresa no mundo que faz isto [reciclagem]", garantiu Angel Costa, concluindo: "Trabalhamos 99 por cento para exportação e já temos muita procura em muitos países. Enviamos, por exemplo, muito mobiliário para os Emirados [Árabes Unidos]".
Na passada sexta-feira o autarca de Valença, José Manuel Carpinteira, afirmou que a deposição daqueles materiais na zona industrial do município está a gerar preocupação. "Entregamos o caso ao nosso consultor jurídico. Essa empresa comprou um terreno em 2020 e deu entrada com projeto na câmara em 2021, no mandato anterior (PSD). A obra tem algumas condicionantes, nomeadamente, ter de avançar com a construção do edifício para a unidade de reciclagem, até, creio que setembro deste ano. Só que ainda não iniciaram a obra e o mais complicado é que estão a fazer ali um depósito de material. Cada vez está a acumular mais", explicou Carpinteira, considerando que os promotores do projeto "primeiro deviam ter feito a obra da unidade de recuperação do material e depois iniciado o transporte".

