
Roberto Leal morreu em 2019
Arquivo/Global Imagens
Um empresário de Loures decidiu ouvir a voz das raízes familiares transmontanas e investir na terra onde nasceu a mãe, Vale da Porca, Macedo de Cavaleiros, que é também a aldeia de Roberto Leal, cantor que foi considerado o embaixador de Portugal no Brasil.
Pedro Malhão, proprietário de uma empresa de jardinagem, investiu mais de 250 mil euros na recuperação de uma habitação para criar um alojamento local (AL), a Casa da Aldeia. Agora já está a recuperar a segunda, a Casa do Porfírio, uma homenagem ao avô, também na mesma Rua Padre Bernardino, artéria que quer resgatar das ruínas e do despovoamento. "Há muitos anos que não mora ninguém", explicou o empresário. No total, tem cinco casas nessa rua que quer transformar num local habitado por turistas.
O empresário diz que tem uma ligação a Vale da Porca, terra onde nasceu e viveu a mãe até aos 16 anos. "Ela vinha cá sempre que era possível e eu, em criança, vinha nas férias e o bichinho ficou", explicou.
Sem casa própria em Loures
A paixão que diz ter pela aldeia fê-lo optar por não ter casa própria em Loures para investir em Macedo de Cavaleiros. "Sempre tive ligação à terra", acrescentou Pedro.
Em memória aos avós comprou a primeira casa na aldeia para passar férias. Como estava fechada a maior parte do ano, decidiu criar um alojamento local. "Não foi fácil a recuperação, porque, como estou longe, tive de fazer muitos quilómetros para vir cá com regularidade para acompanhar as obras", referiu.
A empreitada na Casa da Aldeia foi concluída no ano passado. Os turistas têm aparecido. Desde abril, tem mais de 70 noites ocupadas e até já tem reservas para o Natal. Encantam-se com a decoração, como alfaias agrícolas e objetos ligados à vida no campo e às artes tradicionais, através da reciclagem de materiais e objetos. "Tenho mantido a traça original, a pedra, as madeiras antigas e acrescentado artefactos retirados dos palheiros velhos, que encaixo na moradia. Quero manter o conceito simples e baseado na tradição local", adiantou Pedro Malhão.
Reciclagem
Desde a antiga bancada de carpinteiro que foi incluída na suíte, até aos velhos candeeiros das estações da CP, aos utensílios de carpintaria, tudo tem uma vida nova. Agora, está a armazenar artefactos ligados à profissão de sapateiro para as próximas casas.
As obras na Casa do Porfírio serão concluídas até novembro. Depois, quer prosseguir com a Casa da Imperatriz, o nome da avó. Outra casa de maior dimensão, já no Largo Roberto Leal, também está nos seus sonhos, mas o empresário quer fazer uma candidatura ao Portugal 2020 para criar uma "guest house". "Acredito que o Interior tem futuro. Estamos perto do Azibo, que é um ponto de atração", afirmou.
A sua ambição passa por dinamizar a aldeia e, por isso, tem estabelecido parcerias com outras entidades, desde a empresa dos Cruzeiros do Azibo, um café de Vale da Porca que vai preparar refeições para os clientes do seu alojamento local e com o Geopark Terras de Cavaleiros.
Saiba mais
Milhão de hóspedes
O setor do alojamento turístico nacional registou um milhão de hóspedes e 2,1 milhões de dormidas em maio de 2021. Em 2020, foram 126,6 mil hóspedes e 261,6 mil dormidas.
Dormidas no Norte
O Norte tem 287 394 dormidas em alojamento local e 36 951 em unidades de espaço rural ou de habitação.
Maior crescimento
Bragança, Vila Real e Guarda foram os distritos que mais cresceram na procura de alojamento local, enquanto Lisboa e Porto estagnaram em 2020.
