Há quartos que custam até 500 euros e sem contrato. Solução passa pela abertura de novas residências públicas.
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Os postes carregados de anúncios junto à Universidade do Minho, em Braga, podem fazer antever uma aparente facilidade em encontrar casa naquela zona, mas essa não é a realidade com que os estudantes se deparam. Segundo a presidente da Associação Académica (AAUMinho), Margarida Isaías, ter alojamento “seguro, com boas condições e a preços acessíveis” é “cada vez mais difícil”, tanto na Cidade dos Arcebispos como em Guimarães. O preço médio dos quartos está nos 350 euros, mas já há quem peça 500 euros.
A dirigente estudantil sublinha que as dificuldades são sobretudo provocadas pela “clara insuficiência” do alojamento disponível nas quatro residências públicas (duas em cada cidade), o que leva a que “todos os anos haja aumentos” das rendas cobradas por particulares. “Na zona da universidade, paga-se 300 a 400 euros por um quarto, por vezes sem incluir outras despesas”, diz.
Nos últimos dias, foram esses os valores mais vezes apresentados a Ana Duarte, de Leiria, que entrou agora no curso de Direito. “Ainda não tenho casa, mas já fiz alguns contactos pelas redes sociais. Cheguei a ver um quarto a 500 euros, é impensável”, conta a aluna, que tem uma fasquia estabelecida: “O máximo que poderei pagar é 350 euros”.
Na mesma situação, em busca de um apartamento partilhado ou de um quarto “digno”, está Tomás Silva, que prepara a mudança de Viseu para Braga.
“Preciso mesmo de um sítio para ficar, a distância é muito grande. Vou dedicar-me a isso a partir desta semana, mas vai ser uma dor de cabeça”, admite o estudante, que lamenta a “falta de alojamento público”. “Já percebi que há muita procura, pouca oferta e isso faz com que os preços disparem”, aponta.
A presidente da AAUMinho chama a atenção para outro aspeto que tem vindo a “preocupar muito” os alunos deslocados que recorrem ao aluguer privado: a falta de estabilidade. “Em muitos casos, não há contratos de arrendamento, o que pode fazer com que os estudantes se deparem com aumentos inesperados”, explica Margarida Isaías, para quem a “única solução” para responder à “crise” existente é “aumentar consideravelmente a oferta pública”.
Por isso, a líder da Associação Académica entende que o que poderá “fazer realmente a diferença” é a abertura das novas residências projetadas, uma em Braga (na antiga fábrica Confiança, com 786 camas) e outra em Guimarães (na Escola de Santa Luzia, com 150 lugares), ambas financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência. “Esperemos que sejam disponibilizadas o mais rápido possível.”