Risco para atletas e profissionais de saúde. Enfermeiros e médicos fardam-se em pavilhão
Começou por ser, em março, uma situação temporária, mas continua e os profissionais de saúde fazem cerca de 200 metros na via pública.
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Os médicos e os enfermeiros do Hospital de Barcelos estão a ser obrigados a fardar-se no Pavilhão Municipal da cidade e percorrem, depois, cerca de 200 metros pela via pública, fardados, quando entram e saem do turno. Ao que o JN apurou, essa situação acontece desde março e "a explicação é que os funcionários não podem entrar com a sua roupa nas instalações do hospital", contou João Paulo Carvalho, presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros.
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A situação, que se arrasta há oito meses, tem desagradado aos profissionais de saúde do Hospital de Barcelos que, no início da pandemia, acederam, temporariamente, a fardar-se numa sala do pavilhão. "Aceitámos esta solução porque achámos que seria o melhor naquela fase e uma situação provisória. Não esperávamos que se prolongasse até hoje", afirmou ao JN uma das enfermeiras da unidade de covid do hospital, que pediu para não ser identificada.
No início da pandemia, o hospital decidiu construir um vestiário comum, para evitar que os profissionais se fardassem nos respetivos serviços. "Mas o que é certo é que até hoje não foi concluído nem se perspetiva que esteja pronto nos próximos dias", acrescenta a profissional.
Segurança em causa
Essa decisão "está a pôr em causa não só a segurança dos profissionais, como de todos os atletas e funcionários do pavilhão. Há um risco de infeção cruzada, na medida em que o profissional leva a farda para o interior do hospital depois de passar por zonas exteriores à unidade, o mesmo se passando no fim do turno, quando regressam ao pavilhão com a farda com que trabalharam durante 12 horas. E como já há atividade desportiva no pavilhão, aumenta o risco de infeção", defende João Paulo Carvalho.
"Não estamos seguros, nem nós nem os atletas nem todos os que frequentam o pavilhão. Já manifestámos o nosso desagrado à administração do hospital, até mesmo por escrito, mas até à data não tivemos resposta", acrescenta a enfermeira.
A resposta terá sido, entretanto, dada ontem a João Paulo Carvalho, que reuniu com o Conselho de Administração do Hospital de Barcelos, para manifestar o seu desagrado com a situação. "Dissemos que era inaceitável, que punha em causa a dignidade e segurança dos profissionais", diz João Paulo Carvalho.
"Disseram-nos que compreendiam o problema, que foi uma solução de recurso, mas que neste momento já iam permitir que os funcionários se fardassem no hospital e que iam fazer um vestiário comum, só não disseram para quando", remata. O JN tentou, sem sucesso, obter uma reação do Conselho de Administração.