Escola estava avisada que menino é alérgico à proteína do leite. Mãe conseguiu reverter choque anafilático injetando adrenalina.
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Um menino de seis anos, que é alérgico à proteína do leite, sofreu um choque anafilático grave após uma refeição numa cantina escolar em Aveiro. A mãe diz que houve um erro e que o espaguete que a criança ingeriu foi contaminado por contacto com fiambre, que continha leite. A autarquia garante que a empresa que serve as refeições já implementou “ações corretivas” para que situações como esta não se repitam.
O episódio aconteceu a 30 de novembro, mas ainda deixa marcas na família. Quando Emilie Seabra foi buscar o filho de seis anos à EB 1,2 e 3 de São Bernardo, Aveiro, a funcionária comentou que ele não tinha comido o fiambre. “Fiquei em pânico porque a maioria dos fiambres no mercado contém leite”, explicou a mãe.
Uma hora depois de chegar a casa, o filho apresentou sintomas: “primeiro teve uma agitação grande e depois ficou sem energia, com um tom azul acinzentado e um edema no lábio”. A mãe ligou para o 112 e, entretanto, injetou uma caneta de adrenalina para reverter o choque anafilático.
“Os erros ocorrem e há quem leve as alergias com leveza”, alerta Emilie Seabra, explicando que as intolerâncias provocam grande desconforto, mas as alergias podem ser fatais.
"Silêncio"
No início do ano letivo, a mãe avisara a escola sobre esta e outras alergias do filho e sabe que foi dada formação para os funcionários saberem como proceder em caso de reação. Até então tinha “confiança", mas depois do episódio contactou diversas entidades a tentar perceber o que estava a ser feito para a situação não se repetir, a pedir que fosse ativado o seguro escolar e acesso às ementas. O “resultado foi silêncio”, lamenta Emilie Seabra, explicando que só esta semana recebeu as ementas. Entretanto, apresentou uma queixa no Ministério Público.
Depois deste “choque anafilático por negligência”, conta Emilie Seabra, o filho ficou “muito mais sensível e fragilizado”. Já a mãe foi diagnosticada com stress pós traumático e deixou de conseguir fazer alguns trabalhos como freelancer que lhe davam rendimento.
A Câmara de Aveiro informou que a empresa que serve as refeições, “depois de averiguar a situação, implementou um conjunto de ações corretivas, que passaram essencialmente pelo reforço da formação sobre a obrigatoriedade da verificação dos alergénios presentes na ementa”.