As ruas de Braga encheram-se esta quarta-feira para o cortejo do Enterro da Gata, momento alto da festa académica.
Corpo do artigo
Quilómetro e meio depois do início do percurso, com os pés a pedir socorro e a garganta a suplicar por descanso, o mergulho no chafariz da Praça da República não só ajuda a limpar o corpo dos litros de cerveja que nele foram encharcados como retempera as energias para o que ainda falta viver. Tal como o banho final é o corolário do percurso, o cortejo académico, que esta quarta-feira voltou a juntar milhares de estudantes em Braga, assume-se como um dos pontos mais altos, emotivos e participados das festas do Enterro da Gata. Aos vários cursos da Universidade do Minho (UMinho) juntaram-se alunos da Universidade Católica, do Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA) e do Instituto Superior de Saúde (ISAVE).
“São muitas emoções juntas e é tudo um pouco caótico. Chegámos ao final de um percurso de três anos que passou a voar”, diz ao JN Catarina Monteiro, finalista de Línguas Aplicadas da UMinho, enquanto vê os caloiros que acompanhou durante o ano fazer uma última coreografia em pleno chafariz. Nas palavras de Mafalda Fernandes, esta é derradeira oportunidade de “honrar o curso” de Ciências da Comunicação, que frequentou nos últimos três anos. “O cortejo é um momento especial. Podermos cantar pelo nosso curso pela última vez e acompanharmos os nossos caloiros neste percurso é indescritível”, diz a finalista.
Por isso mesmo, a felicidade e a tristeza, a angústia e a adrenalina, a euforia e a nostalgia andam de mãos dadas. “É tudo especial porque marca o fim de uma fase da nossa vida. Conhecemos pessoas que nos acompanharam em tudo nos últimos três anos e que podem não seguir o mesmo percurso, mas que ficam para a vida”, explica Ana Beatriz Ramoa, que está a concluir o curso de Engenharia Química e Biológica e já decidiu que vai seguir para mestrado. “Em princípio continuarei na Universidade do Minho”, garante.
Se para os finalistas este é um momento tão especial, não o é menos para os caloiros, os alunos do primeiro ano que veem cumprido o seu capítulo inicial no mundo académico. “Sinceramente, ainda estou a processar tudo isto, não caiu a ficha. São dias muito emocionantes, o cortejo é um dos momentos principais. Chorámos e rimos quase ao mesmo tempo”, diz Francisca Mendes, a quem a inscrição “Psi”, feita a batom vermelho na testa, não deixa dúvidas quanto ao curso. “Sou de Psicologia com muito orgulho”, reforça.
Apoio da bancada
Mais recatada, sem ter integrado o cortejo, Inês Compadrinho esteve na Avenida Central para “dar força” aos colegas de Bioquímica. “Estou agora a acabar o primeiro ano, que correu bem. Não fui à praxe e, por isso, também não participei no cortejo, mas vim apoiar os meus colegas”, conta a estudante, acompanhada pela mãe.
Aliás, nas ruas foram muitos os familiares que se quiseram associar a esta celebração por parte dos estudantes. “Já tenho uma filha licenciada há alguns anos e agora acompanho a mais nova, que está em Enfermagem no ISAVE. Ela está no terceiro ano e eu venho sempre, acho o cortejo formidável”, garante Cristina Silva.
O Enterro da Gata termina sexta-feira. Na noite desta quarta-feira a estrela é Quim Barreiros, depois do grupo Kalhambeke, que atua às 22.30 horas. Amanhã, quinta-feira, também às 22.30 horas, no Forum Braga, há Capitão Fausto. Hybrid Theory e Plutonio são os destaques do último dia.