Envelhecer atrás do balcão da loja. “Quem tem uma casa aberta não vai reformar-se para fechá-la”
Comerciantes idosos do Porto mantêm-se em atividade e abrem as lojas todos os dias. Há quem tenha quase 90 anos e não pense em parar.
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Têm mais de 70 anos; alguns, estão quase nos 90, mas, para eles, a idade é apenas um número, e nem querem ouvir falar em parar e ir para casa gozar a reforma, longe das lojas a que deram vida durante toda a vida. Muitos comerciantes iniciaram a pulso, quando eram ainda meninos, mas não há cansaço que os vença. Levantam-se cedo para abrir as portas aos clientes fiéis. Carregam pesos. Colecionam histórias na memória exercitada pelo trabalho. Jamais param. Resistem na vida, no comércio e na Baixa do Porto. Indo com atenção pelas ruas, é possível encontrá-los: Branca há de estar em Santa Catarina, por detrás da fachada creme recortada por uma montra redonda, e Fátima ali perto, entre os cadernos e cartolinas da Progresso. Vasco estará à porta da pequena mercearia na Firmeza, e Mário cortará carne no talho que ainda resiste em Cedofeita...