As obras da Metro levadas a cabo na Baixa, para construção da linha Rosa, terão agravado o impacto das cheias que aconteceram no Porto no passado dia 7 de janeiro e que provocaram inúmeros estragos, nomeadamente nas ruas das Flores e de Mouzinho da Silveira.
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Para chegar a estas conclusões, o LNEC comparou dois cenários: o do próprio dia da enxurrada, com as obras a decorrer, e um outro como não tivessem a decorrer a empreitada, tendo feito uma simulação.
No final, percebeu-se que a obra da Linha Rosa - nomedamente a alteração da rede de drenagem - teve influência.
De recordar que no passado dia 7 de janeiro, a enxurrada provocou um verdadeiro caos na Baixa, com vários estabelecimentos comerciais inundados, esplanadas arrastadas, deixando inclusive a Rua Mouzinho da Silveira intransitável, devido ao facto da força da água ter levantados os paralelos.
No documento finalizado em julho, é referido que "as alterações à rede de drenagem e à superfície urbana [elaboradas pela Metro] alteraram as condições de escoamento, ocorrendo, em alguns locais, agravamento da inundação".
O LNEC não tem dúvidas que "teria existido inundação relevante na zona mesmo que não estivessem a decorrer as obras" da Linha Rosa. Contudo, na área afetada pela inundação, estas agravaram a situação em "cerca de 44%".
Ou seja, se por um lado "o desvio de caudais para a passagem inferior pedonal desativada, que se localiza na ligação da Praça da Liberdade à praça Almeida Garrett, funcionou como bacia de retenção, permitindo a redução do impacto", por outro "a existência de obstruções parciais nas redes ou os desvios de coletores conduziram a um aumento do impacto".
Para chegar a estas conclusões, o LNEC referiu que foram comparados os resultados obtidos no passado dia 7 (com as obras em curso), com os resultados de "um modelo hipotético (sem a existência das obras da Metro).
Impacto da enxurrada
Este organismo explicou ainda que começou por avaliar a "excecionalidade do evento de precipitação", que aconteceu a 7 de janeiro, que terá resultado de um "fenómeno de precipitação localizado" e concluiu que os volumenes mais elevados foram os provenientes "da bacia da zona alta afluente à Rua de Sá da Bandeira, seguida da zona alta afluente à Avenida dos Aliados".
Do mesmo modo, foi avaliado "o impacto dos desvios provisórios e alterações pontuais afetadas nas redes de águas pluviais pela Metro do Porto e da implantação do estaleiro na Praça da Liberdade, Largo dos Loios e Praça Almeida Garrett [em frente à estação de S. Bento]".
Da análise de resultados, o LNEC concluiu que a enxurrada resultou da junção de três factores: "A descaga de caudais da rede de drenagem, a circulação dos caudais proveninetes das zonas altas e os constrangimentos devido ao estaleiro".
No documento é ainda detalhado que os locais mais afetados pela inundação foram a Rua das Flores, na ligação da Praça da Liberaqdade à Praça Almeida Garrett, a passagem entre o Palácio das Cardosas e o estaleiro da Praça Almeida Garrett, e no extremo sul da Rua Sá da Bandeira e o topo norte da Rua Mouzinho de Albuquerque.
De várias recomendações, o LNEC aconselha a Metro a que "as alterações provisórias efetuadas na rede de drenagem enterrada sejam antecipadamente analisadas com a entidade que gere esta infraestrutura". Aconselha ainda que "sendo necessário efetuar estas alterações que seja assegurada a capacidade de vazão existente".
Do mesmo modo, o LNEC alerta para a necessidade de "os meteriais depositados ou soltos no estaleiro serem contidos por forama a evitar o seu arrastamento". Assim como sugere que "em locais com uma ocupação vasta da superfície por fronteiras fixas, sejam utilizados tapumes que permitam a passagem de água ou sejam efetuados desvios para locais que permitam a passagem de água ou serjam efetuados desvios para locais que permitam a acumulação temporária de água em excesso".
É ainda recomendando que a Metro do Porto crie "acessos às estações sobrelevados em relação à superfície circundante e que o alinhamento da entrada não coincida com o sentido do escoamento à superfície".
De recordar que um dos pontos de fuga da água, que galgava solta, no dia 7 de janeiro foi as escadas da Estação de S. Bento, junto à Praça Almeida Garrett, inundando o espaço por completo.
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