Equipa internacional coordenada pela UMinho descobre 13 espécies de “minhocas marinhas”
Uma investigação coordenada pelo Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho (UMinho), em parceria com sete cientistas do Brasil, Espanha, Grécia, Itália, Noruega, Portugal e Suécia, identificou 13 novas espécies de anelídeos marinhos.
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Este grupo de vermes segmentados – que inclui as minhocas utilizadas na pesca com linha – foi encontrado no Nordeste Atlântico, no Mar Mediterrâneo, nos Açores e nas Canárias. O trabalho começou no âmbito da tese de doutoramento em Biologia de Marcos Teixeira. Os resultados da equipa, da que fazem parte também os professores da UMinho Filipe Costa e Pedro Vieira, saíram recentemente na revista “Invertebrate Systematics”.
Em nota de Imprensa, a universidade refere que a equipa internacional “explorou o género de anelídeo Perinereis, através de ferramentas avançadas de taxonomia integrativa, incluindo dados de sequenciação do ADN e o exame minucioso da morfologia”. Foram descobertas 19 linhagens moleculares, das quais se descreveram 13 espécies novas para a ciência e cujos nomes têm diferentes inspirações.
Nomes inspirados em videojogos
Em concreto, quatro delas receberam nomes de personagens de videojogos populares (Malenia e Miquella, de “Elden Ring”; Nier e 2B, de “Nier Replicant”e “Nier Automata”). Outras quatro evocam biólogos taxonomistas de vermes aquáticos (Luigi Musco, Alberto Castelli, Sarah Faulwetter e Céline Houbin). Há ainda quatro espécies batizadas com base no folclore mitológico das regiões em que apareceram (Tibicena, das Canárias; Jupiter, Juno e Minerva, de Itália) e a última alude ao único local onde foi detetada até ao momento (Porto Cesareo, Itália).
Deteção por ADN afirma diversidade
"Estas espécies são muito semelhantes entre si e só com recurso a sequências de ADN nos foi possível detetá-las, tal como acontece com muitos organismos marinhos que temos investigado no âmbito da iniciativa mundial 'Barcode of Life'”, refere Filipe Costa, cocoordenador do estudo.
Os resultados confirmam a existência de muita diversidade desconhecida nos ecossistemas costeiros europeus e a importância da deteção por DNA barcoding (ou código de barras de ADN) para a conservação da biodiversidade.
Segundo os cientistas, os organismos agora identificados são essenciais para a saúde dos oceanos, sendo responsáveis pela reciclagem de nutrientes e pela estabilização de sedimentos marinhos. Servem de alimento a várias espécies de peixe e crustáceos, para além de serem utilizados como “isco vivo” para a pesca com linha.
Marcos Teixeira, diz, ainda, a UMinho, “continua a investigar estes organismos, trabalhando atualmente na Universidade de Ciência e Tecnologia Rei Abdullah, na Arábia Saudita, na construção de uma biblioteca de referência de ADN barcodes (identificação de espécies) para invertebrados marinhos e para a descrição de novas espécies de vermes aquáticos naquela região”.