Durante cerca de uma hora, mais de uma trintena de modernos veículos todo o terreno e cerca de 100 pessoas, recuaram 200 anos e foram recebidos a tiros de pederneira e de canhão, em Freineda, aldeia do concelho de Almeida.
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Tratou-se, apesar do realismo dos personagens e das armas, de mais uma recriação das batalhas travadas durante as invasões francesas pelo General Wellington.
O general esteve aquartelado na Freineda nos invernos de 1811-12 e 1812-13, onde delineou a batalha de Fuentes de Onõro (maio de 1811), o cerco a Ciudad Rodrigo (janeiro de 1812), a conquista de Salamanca (22 de julho de 1812) e a estratégia para derrotar Napoleão em Waterloo (junho de 1815), como comandante das forças anglo-germano-holandesas.
Foi o final da 15º edição do Raid do Bucho e Outros Sabores, organizado pelo Clube Escape Livre, da Guarda, em colaboração com o grupo GRHMA (Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida), a câmara municipal de Almeida e a Junta de Freguesia da Freneda.
"Estamos no coração da história das invasões francesas em Portugal. Foi aqui na Freineda que o Duque de Wellington teve o seu quartel-general na defesa contra as tropas francesas, ajudando os portugueses", recordou Luiz Celínio, presidente do Escape Livre.
O raid nasceu de um desafio da Junta de Freguesia da Freineda, que assim junta os participantes do Clube Escape Livre àqueles que ali vão atraídos pela festa tradicional do bucho e pelo rigor da reconstituição.
"O bucho é um fumeiro realizado com a bexiga do porco e com a orelha, o rabo do porco e a costela, tudo em vinha de alhos, com pimento e preparado no enchido tradicional da nossa região raiana", explicou ao JN presidente da Junta de Freineda, Leandro Morgado.
E há já 18 anos que o evento gastronómico se junta à reconstituição histórica, que este ano teve quase 200 figurantes, numa parceria com outros grupos nacionais e internacionais idos de Espanha, Inglaterra e França.
Milhares de participantes
Nos 15 anos de raid já passaram pela Freineda "milhares de pessoas" de todos os cantos do país, porque, diz Luis Celínio, "é nosso objetivo divulgar e promover a região, pois continuamos a acreditar no nosso território diversificado, de grande qualidade, onde se pode viver com qualidade de vida e onde temos aldeias históricas, castelos, paisagens e uma gastronomia e vinhos da excelência".
Para trás ficaram dois dias de paisagens de deslumbrantes, como aquelas que se avistam do Baloiço das Maçainhas, com vista para a Barragem do Caldeirão, da torre de vigia de Famalicão da Serra, onde se consegue uma vista de 360 graus ou a da Cruz das Jogadas, junto a Manteigas.
Pegada ambiental
Mas, e porque é da natureza que vive o raid, o Clube Escape Livre cuida da pegada ambiental deixado pelos veículos.
"Essa tem sido uma das nossas preocupações desde há alguns anos. Colaboramos com a empresa Terra Prima, fornecendo-lhe o número de quilómetros percorridos por todas as viaturas automóveis durante o fim de semana e eles tratam de apagar essa nossa pegada de várias formas, entre elas a plantação de árvores", revelou Luís Celínio.
De igual modo, a marca oficial do passeio, a Suzuki, tratou de fornecer veículos 4x4 híbridos.
"Gostamos de trabalhar com marcas de veículos 4x4, e neste caso concreto, a Suzuki associou-se aos 15 anos do Raid do Buco e Outros Sabores com dois dos seus modelos mais icónicos, como sejam o Vitara e também o S-Cross", referiu.
E, porque o fim de semana pode, e deve ser dedicado à família, os passeios do Escape Livre "têm um grau de dificuldade média", para que todos possam usufruir em pleno do automóvel que têm e não o usem somente para subirem passeios nas grandes cidades", havendo raids que podem ser feitos em veículos de duas rodas motrizes" concluiu Luís Celínio.