Estudantes acreditam que será mais fácil aprender com tecnologia que já é usada no Porto e em Sintra
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A realidade virtual, pequenos robôs e painéis interativos já estão a ser usados em salas de aulas em algumas escolas do Porto e Sintra e deverão chegar a outras brevemente. Os estabelecimentos de ensino com cursos profissionais poderão candidatar-se aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) do Governo, no próximo ano, para investirem em novas tecnologias. Na Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, estes equipamentos estiveram a ser testados durante três dias, para alunos e professores imaginarem como será uma sala de aula do futuro.
Miguel Marão segue o pequeno robô Kubo com os olhos enquanto este percorre uma linha de puzzle de uma conta de somar, subtrair, dividir e multiplicar feita pelo estudante. Assim que termina o trajeto, se o resultado estiver certo, o Kubo emite uma luz verde e dança. Se estiver errado, emite uma luz vermelha e abana a cabeça. O aluno do sexto ano está fascinado. "Não se engana! É inteligência artificial, o robô está a ler um chip que está nas peças do puzzle e a fazer a conta. Assim é mais divertido, temos mais gosto em aprender", diz.
Ao lado, dezenas de crianças do agrupamento de escolas D. Filipa de Lencastre percorrem a muralha da china com óculos de realidade virtual. Entrar num templo egípcio ou ver o fundo do mar assim, enquanto um professor explica o que vêem, será outra nova forma de aprender.
"Podem viajar sem tirarem os pés do chão, ficam mais motivados e aprendem mais. Com estas ferramentas, o professor deixa de ser o único transmissor de conhecimento e passa a ser o orientador da aprendizagem. Os robôs não substituem o professor, complementam-se", acredita Laura de Medeiros, diretora do agrupamento de escolas D. Filipa de Lencastre.
Bruno Coelho, responsável pela robótica da empresa que esteve em exposição nesta escola no mês passado, concorda. "Dificilmente se vão esquecer de uma aula interativa, vão reter melhor a informação". Para Bruno Coelho, "daqui a umas décadas a programação vai estar tão presente no dia a dia, que quem não souber programar será como hoje não saber usar a internet".
Preço
O preço dos robôs pode ir dos 200 aos 18 mil euros. O mais caro é o robô Cruzr que deteta rostos e é programado por alunos para dançar, mexer os braços, responder a perguntas, entre outras atividades.
O Estado tem verbas disponíveis para Clubes de Ciência Viva e Centros Tecnológicos Especializados, que serão criados em escolas profissionais. As candidaturas serão nos meses de março e abril de 2023.