A Escola de Verão de Física, organizada pelo Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), está prestes a realizar a 20.ª edição. Vai reunir os melhores alunos do ensino secundário de várias partes do Mundo.
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O projeto, que decorre entre 24 e 29 de agosto, consiste numa semana imersiva de trabalho nas áreas da Física, Astronomia e Engenharia Física.
Tudo começou em 2005, quando um dos fundadores, João Viana Lopes, encontrou uma lacuna na forma massificada como esta disciplina era lecionada. "Já havia quem desse palestras de divulgação e outro tipo de atividades. No entanto, o que queríamos criar era uma atividade especializada para um pequeno grupo de alunos que se interessem por ciência e tecnologia", explicou o professor da FCUP.
Na Escola de Verão de Física, as aulas são dadas por estudantes de doutoramento que dão a conhecer a sua investigação e como é a vida de um cientista. No final da semana, os participantes defendem o seu trabalho perante os pares.
Forma de inclusão
Sendo uma aventura escolar fora dos períodos letivos, era expectável que a adesão não fosse muita, mas acontece o oposto. De um número médio de 100 candidaturas por edição costumam ficar no projeto entre 65 a 90 alunos, que concorrem através das notas e de cartas de recomendação/motivação. No ano de maior procura surgiram 400 candidatos.
Para João Viana Lopes, este projeto é também uma forma de inclusão entre jovens que muitas das vezes podem sentir-se deslocados nas turmas em que estão inseridos durante o ano. "Quando estão tantas horas rodeados de colegas com aspirações semelhantes, encontram pessoas com aspirações semelhantes. Alguns sentem-se isolados e aqui encontram pessoas com gostos em comum", referiu.
A experiência é tão marcante na vida dos alunos, que alguns ainda a recordam, cerca de 20 anos depois. João Azevedo participou na primeira edição e acredita que o ajudou a decidir o caminho a seguir. "Queria perceber o ambiente. O entusiasmo pela experiência era partilhado por todos e foi positivo, até porque nos explicaram tudo de forma simplificada", disse o gestor, que se doutorou em Física.
Mais recentemente, Isabela Zatoni, de 18 anos, esteve presente na Escola de Verão de 2024 e diz que foi das melhores experiências que teve. "Chorei de alegria quando cheguei e quando terminou. A Física é uma grande forma de comunicarmos", explicou a brasileira.
Parceria no Brasil
Após 20 anos do que considera ser um projeto de sucesso, João Viana Lopes orgulha-se de já ter levado a Escola de Verão de Física além-fronteiras. "Temos uma parceria com o instituto de São Paulo, no Brasil, que permite verificar que o modelo funciona bem. É recompensador que eles nos visitem e percebam como funciona em Portugal", revelou.
Quanto às principais mudanças nestas duas décadas, admite que estão relacionadas com as mudanças geracionais. "O público foi mudando porque os próprios miúdos têm mais acesso à informação", justificou.