Governante visitou escolas de Ílhavo para conhecer projetos de referências e pôr à prova futuros cozinheiros.
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Levantam o polegar e depois passam a mão aberta em frente ao rosto. É a forma dos alunos surdos da escola de Ílhavo dizerem "bom-dia" ao secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, que ontem foi conhecer a EB1 de Ílhavo, escola de referência que acolhe os alunos surdos do distrito de Aveiro. Ali chegam crianças "de Águeda, Sever do Vouga, Arouca, Murtosa e outros concelhos" para um ensino bilingue, em português e ensino gestual, explica Teresa Sousa, coordenadora do estabelecimento.
Atualmente há sete crianças no jardim de infância e 13 frequentam o 1.º Ciclo, integrados nas turmas, mas com acompanhamento específico. Os professores desdobram-se em esforços para "produzir e adaptar material", conta Teresa.
Têm também um projeto de intervenção precoce, através do qual os bebés e famílias são encaminhados e começam a receber apoio dos técnicos. "Temos uma panóplia de professores e técnicos, desde língua gestual, terapeutas da fala, psicólogos, entre outros, alocados à escola", conta Conceição Canhoto, diretora do agrupamento de escolas de Ílhavo.
O secretário de Estado, que prometeu não mais se esquecer do cumprimento em língua gestual, disse que "foi bom ver como [os alunos surdos] estão nas turmas com os outros e a aprendizagem é para todos", pois "aprendem a viver com a diferença".
Quase encerrou
Em seguida, ainda antes do almoço preparado por alunos (ler caixa) rumou a Vale de Ílhavo, onde uma escola acolhe um projeto de sucesso que integra crianças de etnia cigana. Há dois anos, estava em risco de fechar: só tinha alunos de etnia cigana porque a restante comunidade não queira matricular as crianças naquele local. Nessa altura, um projeto começou a promover a inclusão e multiculturalidade.
Hoje, das 64 crianças que frequentam o jardim de infância e diferentes turmas do 1.º Ciclo do estabelecimento em Vale de Ílhavo, 17 são de etnia cigana. "Conseguimos acabar com este gueto que estava aqui criado e hoje temos crianças de etnia cigana, outras da comunidade de Vale de Ílhavo, da Barra, de Cacia", revela a coordenadora, Fátima Melo.
Alinhada com "os princípios da Escola Moderna", dá resposta "aos anseios de algumas famílias, que queriam uma escola com uma resposta diferente", conta a professora, explicando que convivem com a comunidade e procuram incutir "princípios de cooperação, solidariedade, responsabilidade, autonomia, sentido crítico".
Conceição Canhoto aproveitou a presença do governante para partilhar preocupações sobre o estado dos edifícios. O presidente da Câmara, João Campolargo, adiantou que espera "avançar com o novo projeto da Secundária de Ílhavo", sem esquecer necessidades noutras localidades. João Costa apontou possibilidades de financiamento no Portugal 2030.
Secundária
Alunos prepararam o almoço
Foram os alunos do Curso Profissional de Restauração que confecionaram e serviram o almoço da comitiva governamental, uma oportunidade dos futuros profissionais da culinária aprenderem a "gerir o stress e controlar a pressão do trabalho", explicou o formador Jorge Simaria, que orientou os alunos. "Uma coisa são as aulas práticas e outra é trabalhar em contexto real", acrescentou. O curso, do 10.º ao 12.º ano, lecionado na Secundária de Ílhavo, é frequentado por duas dezenas de alunos, que prepararam um creme de feijão branco com crocante de presunto, carne assada com castanha e legumes e tarte de limão com groselhas.
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9 escolas incluindo a Secundária João Carlos Celestino Gomes (sede) e oito do 1.º Ciclo compõem o Agrupamento de Escolas de Ílhavo.
Edifícios degradados
"As estruturas estão a cair. As crianças estão nas escolas com mantas por causa do frio, as janelas e estores estão partidos", denunciou Conceição Canhoto. A pior é a sede.