Escolha de candidato à Câmara da Trofa foi “precipitada” e PSD pondera não ratificar
O PSD Trofa votou o candidato à Câmara à revelia das comissões Distrital e Nacional do partido e a escolha de Sérgio Araújo poderá não ser ratificada, deixando o processo de ficar sob a alçada da concelhia.
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Apesar de a Comissão Política Concelhia (CPC) ter afirmado, num comunicado enviado nesta sexta-feira, que o processo de escolha do candidato às autárquicas “é intocável no que toca às normas internas do PSD”, fonte da distrital do Porto revelou, ao JN, que a votação foi feita sem a aprovação dos órgãos superiores do partido e ao arrepio da diretiva nacional de que “os presidentes das câmaras são reconduzidos”.
A escolha do vereador Sérgio Araújo, em detrimento do presidente da Câmara, António Azevedo, gerou, por isso, “muito desconforto na distrital e na nacional”, estando “em cima da mesa a possibilidade de o processo vir a ser avocado pela distrital”, não sendo, assim, a votação ratificada.
A mesma fonte sublinha que houve “precipitação da Concelhia em levar a votação um nome que não é o do atual presidente da Câmara”, e adianta que “a situação será analisada e conciliada com calma”. Entretanto, António Azevedo anunciou, na noite desta quinta-feira, na assembleia de secção do PSD, que avançará como independente à Câmara, depois de ver a candidatura pelo partido rejeitada no dia anterior.
A reunião da CPC da Trofa em que foi votado o candidato aconteceu um dia depois de o Governo de Luís Montenegro cair e uma semana após a Comissão Nacional ter mandado suspender a votação agendada para o passado dia 5. A ordem foi então comunicada à Concelhia pelo coordenador autárquico nacional, Pedro Alves, ao final da tarde desse dia, e a votação não se fez, tendo o presidente da concelhia, José Fernando Martins, indicado ao JN que a sessão havia sido adiada para data ainda por definir.
A sessão acabaria por realizar-se uma semana depois e logo após o chumbo da moção de confiança ao Governo, dando, sem surpresas, a vitória a Sérgio Araújo, que obteve 12 votos, face aos dois de António Azevedo, que em julho do ano passado assumiu a liderança do Executivo após a renúncia de Sérgio Humberto à presidência para ocupar um lugar no Parlamento Europeu.
Vice-presidente da CPC constituída quando Humberto governava o município, Araújo foi o braço direito do atual eurodeputado no executivo municipal e há muito que colhe o apoio deste na corrida às autárquicas, pelo que era já esperado que António Azevedo fosse preterido pela concelhia a favor do vereador.
A disputa, que está a dividir o PSD Trofa, levou, agora, o presidente da Câmara, que esteve 12 anos à frente da Junta de Bougado pelo PSD e desde 2013 ao lado de Sérgio Humberto, na vice-presidência e com a pasta das finanças do município, a apresentar-se como independente às autárquicas.