Braval assume derrame e diz que já resolveu, mas povo de Covelas não confia na água pois cozinhou com dejetos sem saber
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A população da freguesia de Covelas, Póvoa de Lanhoso, está revoltada com o que diz ser um problema de saúde pública que aconteceu na semana passada e que levou a que muitos moradores deixassem de confiar na água que lhes chega diariamente à torneira.
É que durante duas semanas, em meados do mês passado, um derrame de lixo e esgoto num ecocentro fez com que os dejetos do saneamento doméstico se tivessem infiltrado nas minas de água que abastecem um conjunto de casas da Avenida de Covelas. Sem saberem, durante duas semanas, as pessoas utilizaram a água com dejetos para cozinhar e tomar banho, tendo-se apercebido só depois que se tratavam de esgotos que se tinham infiltrado nos furos de água.
"O meu irmão fez um almoço de Páscoa e dizia-me que a água cheirava a cevadouro, mas nunca pensei que fosse a porcaria que depois se viu", assume Olívia Tinoco. Mais tarde, quando percebeu que a água dos tanques também cheirava mal, resolveu esvaziá-los e percebeu que os dejetos estavam acumulados no fundo. Eram provenientes da mina de água instalada no monte.
Foi nesta montanha que aconteceu o derrame de esgoto que resultou de um entupimento de um cano. "Como a água circula em tubos subterrâneos, o que aconteceu foi que um tubo entupiu sem nós percebermos e a água não foi aspirada, caindo no monte e, consequentemente, na ligação de água", justifica Pedro Machado, diretor da Braval, entidade gestora do ecocentro sediado em Covelas. O responsável assume que "houve um problema", mas aponta culpas ao sistema de aviso de ocorrências, monitorizado remotamente a partir da Holanda, que "não deu sinal devido a um problema informático".
Quem não confia mais na água é a população, que através do presidente da Junta fez saber que está já é a terceira vez que o esgoto se infiltra nas torneiras: "Isto tem de acabar, eu não posso estar a fazer análises à água todos os dias". A Câmara da Póvoa de Lanhoso já pediu explicações à Braval. Até haver provas de que a água está limpa, o povo toma banho e cozinha com água comprada, o que é uma situação "insustentável", dizem.