Alzira Ferreira ficou viúva há 21 anos, quando uma derrocada numa obra na Covilhã lhe matou o marido. Do empreiteiro, condenado a pagar uma indemnização de 55 mil euros, nunca recebeu nada e ainda viu o Estado a penhorar-lhe bens.
Corpo do artigo
João Ferreira morreu soterrado num aluimento de terras numa obra no Parque Industrial de Canhoso, na Covilhã, já lá vão 21 anos. Alzira ficou sozinha, com três filhos, dois rapazes e uma rapariga, menor na altura do acidente.
A viúva processou o patrão do marido, que foi condenado em tribunal, em 2007, a pagar a Alzira e aos filhos uma indemnização de 55 mil euros. O valor nunca foi pago, porque o empreiteiro entrou insolvência.
Há seis anos, Alzira Ferreira e os filhos foram surpreendidos com a penhora de uma motorizada para pagar as custas judiciais do processo, calculadas em 2500 euros. A quantia a pagar foi calculada com base no valor de indemnização pedido inicialmente por Alzira ao tribunal: 350 mil euros.
O processo referente ao acidente teve uma primeira fase no Tribunal de Trabalho da Maia, quando foram julgadas a empresa para a qual o operário trabalhava e a seguradora. "Ganhamos, eles recorreram e o Tribunal da Relação deu-lhes razão. Recorri para o Supremo, mas a decisão foi-nos desfavorável. Por isso, intentamos a ação contra o dono da obra e a empresa responsável pela escavação. E esta última foi condenada [em 2007]", explicou a advogada, Arminda Carneiro, ao JN, quando os bens da família foram penhoradas.
De então para cá, Alzira não contou com a ajuda de qualquer entidade. Vive com uma reforma de pouco mais de 200 euros e está desesperada por uma solução.