Ginásio de Famalicão preparou-se de raiz para as novas regras.
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Logo à entrada do ginásio Impulse, em Famalicão, o burburinho não deixa margem para dúvidas. A afluência é grande, seja de gente que entra para praticar exercício, seja de quem procura informações para se inscrever.
Abriu portas há menos de um mês. Mas começou a ser montado precisamente quando os ginásios fecharam, adiantou Patrícia Correia, uma das proprietárias. Apesar disso, quiseram continuar o projeto, já adaptado às regras impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS). "A única coisa que fizemos foi mais uma sala de treino", revela. Explicando que o espaço foi pensado "de raiz" já a contar com a lotação permitida, o espaçamento social e todas as regras que têm de cumprir.
O ginásio abriu portas no dia 9, sem aulas de grupo, algo que não os afetou muito. "O nosso modelo de negócio não assenta apenas num pilar, por isso temos aulas de grupo, box training, musculação e treino personalizado", explica Patrícia. A inauguração foi uma surpresa. "Esperava grande afluência, não uma avalancha. Tínhamos mais 600 sócios do que estávamos a contar", nota. O investimento está assim a correr bem.
No entanto, o panorama geral do setor não é tão animador. Obrigados a estar dois meses encerramentos, por causa da pandemia, muitos não resistiram. Segundo José Carlos Reis, da Associação de Ginásios e Academias de Portugal (AGAP) desde março do ano passado já encerraram cerca de 300 clubes, que representam 25% dos espaços de fitness existentes em Portugal. Nas contas da AGAP, perderam-se 5000 empregos diretos. "Alguns treinadores pessoais tiveram de ir trabalhar para outras áreas, conheço casos que foram para a Uber, outros para a construção civil", adianta.
Sobre a reabertura, ainda que com limitações, diz ser positiva. "Sábado começaram as aulas de grupo e a indicação que temos é que esgotaram", refere José Carlos Reis. Sublinhando que as dificuldades do passado continuam. "Houve uma perda de 50% da afluência", já que em fevereiro de 2020 havia cerca de 700 mil pessoas a praticar exercício físico em ginásios, clubes e academias, e no passado mês de janeiro contabilizavam-se cerca de 350 mil".
O responsável da associação de ginásios confessa que a "única vantagem" da pandemia foi o "valor" dado agora ao exercício físico. Algo que Patrícia Correia também destaca quando fala do número de sócios que não estavam à espera.
"Não é por acaso que temos muitos novos sócios, que não estão no sistema e que iniciaram agora atividade", diz José Carlos Reis. Ainda assim, segundo afirma, estes novos atletas não cobrem o grande número de desistências nos ginásios. "Vai ser uma recuperação lenta. Não acredito que antes do final de 2022 se tenha os números de janeiro/fevereiro de 2020".