Prevê-se já para durante este mês a entrada em vigor do estacionamento pago na zona industrial do Porto. O vereador com o pelouro do Urbanismo, Pedro Baganha, adianta que dez horas de estacionamento irão custar 2,40 euros.
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Admitindo que a medida "não é simpática para quem usa a zona", o vereador da Câmara do Porto com os pelouros da Habitação, Espaço Público e Urbanismo, Pedro Baganha, explica que "é necessária e que se insere num esforço de gestão e organização do espaço público". Recorda que a área em causa "já estava concessionada", mas sublinha que a introdução de estacionamento pago em três artérias da zona industrial do Porto (Avenida Fontes Pereira de Melo e nas ruas Eng. Ferreira Dias e Manuel Pinto de Azevedo) "tem a ver com uma política de dissuasão ou diminuição do número de automóveis que circulam na nossa cidade".
A entrada em vigor do estacionamento pago naquelas ruas não tem data em concreto, mas deverá avançar ainda durante este mês de fevereiro, adiantou o vereador aos jornalistas no final da reunião de Executivo desta manhã de segunda-feira.
Pedro Baganha recorda os problemas de mobilidade no Município do Porto relacionados com o "excesso de utilização de automóvel particular em detrimento do transporte coletivo" e diz que nesta área da cidade existem alternativas: é servida "por duas estações de metro e um conjunto de linhas de autocarro". "Temos de ser consequentes nas políticas que determinamos para a cidade", sublinha.
Reconhecendo que aquela zona em particular tem características semelhantes à da Asprela, o vereador adianta que ficará também disponível um título de estacionamento de 2,40 euros por 10 horas de estacionamento.
Esse valor continua, apesar disso, a ser mais barato do que um título ocasional de ida e volta de metro, por exemplo (2,80 euros). "Tivemos em atenção quem trabalha na zona. Existe também estacionamento de rotação, com clientes e fornecedores que lá vão. Há uma população fixa mas outra flutuante e essa não pagará, naturalmente, o bilhete diário, mas sim horário, também potenciando a rotatividade do estacionamento", responde Pedro Baganha.
Foi ainda aprovado o pagamento de uma compensação à empresa concessionária E-Porto pela perda temporária ou definitiva de lugares de estacionamento na cidade durante a pandemia (pela criação de esplanadas) e também pela ocupação dos espaços com obras, nomeadamente de construção da Linha Rosa do metro do Porto.
CDU pede "imediata suspensão" da medida. BE concorda, mas proposta foi rejeitada
A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, pediu a "imediata suspensão" da colocação de parcómetros naquela zona, uma vez que "os trabalhadores serão os principais afetados". A proposta de recomendação, que mereceu o apoio do Bloco de Esquerda, foi rejeitada.
"Se fizerem as contas, mesmo com os 2,40 euros por dia, dá cerca de 50 euros por mês. Para salários de trabalhadores baixos, não é pequena a fatura", sublinha, recordando o adiamento da entrada em vigor desta mesma medida em 2015. "Uma boa parte destes trabalhadores não mora na zona e mora longe dos transportes públicos, que não cobrem ainda toda as áreas da cidade", nota a vereadora.
Para Ilda Figueiredo, a alternativa passa pela construção de parques de estacionamento "nas zonas periféricas da cidade e, sobretudo, junto de transportes públicos que garantam uma mobilidade a custos mais baixos e garantia de cumprimento de horários". "Mas isso não foi feito, designadamente perto desta zona", lamenta a vereadora.
Do BE, Maria Manuel Rola considera que, com o aumento de lugares de estacionamento pagos na cidade, "está a fazer-se um favor à E-Porto". A vereadora considera que o espaço público deveria ter sido requalificado e que "os passeios não têm condições de utilização".
Ao mesmo tempo, realça, "continua à espera do plano de pedonalização do Centro Histórico do Porto". O partido entende que "enquanto não houver requalificação do espaço público naquela zona da cidade, também não faz sentido taxar as pessoas que vão lá para trabalhar".
PS concorda com alargamento do estacionamento pago
Já o vereador do PS, Tiago Barbosa Ribeiro, apesar de reconhecer a sensibilidade do assunto, acompanha a intenção do Município em estender o estacionamento pago na via pública para outras zonas da cidade.
"Entendemos que quando falamos de políticas de espaço público, de descarbonização, de evitar a privatização do espaço público pelo automóvel privado, temos de ser consequentes, por mais que possa haver alguma contestação", acrescenta. Perante a utilização do estacionamento por vários trabalhadores, o socialista sugere articular com as empresas sediadas naquela zona "medidas que possam mitigar" o aumento de despesa que esta decisão representa.
"A ideia de que podemos parar o automóvel e deixá-lo lá o tempo que quisermos, ocupar o espaço público onde poderiam estar árvores, ciclovias, ou outro tipo de elementos de fruição do espaço público, tem de ser uma medida em relação ao qual o poder político não pode recuar", insiste Tiago Barbosa Ribeiro.