A alteração das condições do estado do mar impediu ontem os mergulhadores da Marinha de descerem até ao local onde, na quinta-feira, naufragou a embarcação "Fábio e João". As buscas continuam mas não há sinal dos quatro pescadores desaparecidos.
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No alto mar, dia e noite, mantém-se desde quinta-feira a Corveta António Enes. A tripulação foi reforçada ao final do dia de sábado com um grupo de mergulhadores da Armada, que têm como função descer aos cerca de 60 metros de profundidade e verificar se os corpos dos pescadores se encontram na embarcação de pesca.
Uma missão que tem vindo a ser adiada devido ao mau estado do mar. Patrocínio Tomás, comandante da Capitania de Peniche assegura que estes homens estão a postos para realizarem o mergulho e que o farão logo que as condições meteorológicas e do mar o permitam. "Vão ser feitos mergulhos nos próximos dias onde se supõe que esteja a embarcação", assegurou.
O barco de pesca estará a cerca de 60 metros de profundidade, a cinco milhas da praia da Consolação, Peniche, a quatro milhas do Cabo Carvoeiro e a cinco milhas sudoeste do Porto de Abrigo de Peniche.
Por terra mantêm-se também as buscas, asseguradas pelos bombeiros de Peniche e da Lourinhã e pelos vários elementos da Polícia Marítima. Durante o fim-de-semana juntou-se a este grupo um outro de escuteiros, que foram percorrendo as praias da região.
Familiares na praia
De olhos postos no mar mantêm-se também muito familiares e amigos. Juntam-se diariamente na "Ponta do Estreito" na praia da Areia Branca, Lourinhã, e socorrem-se de binóculos.
Luís Abílio, tem 62 anos, e diz que era amigo de Amândio Pinto, mestre e proprietário do barco "Fábio e João", e assegura que aquele "era um bom profissional". Interrompe a conversa para voltar a dar uma espreitadela pelos binóculos, direccionando-os para o local onde se encontra a corveta da Marinha. Conta depois que tirou a cédula de pescador com Amândio, na década de 70, e que apesar de estar reformado ainda sente "aquele bichinho".
Diz que não percebe o que aconteceu ao final a tarde de quinta-feira, mas admite que o naufrágio se pode ter ficado a dever ao facto de uma das cordas das artes se ter prendido na hélice do barco. "Depois virou de repente e eles não devem ter conseguido sair do barco", afirma.
Abílio olha novamente o mar pelos binóculos e assegura que esta costa "é muito rica em peixe".